domingo, 20 de setembro de 2009

DITADURA EMOCIONAL

foto: fotogarrafa.com.br

Não há inegavelmente na era presente, quem supere o egocentrismo do Presidente LULA.
Ouví-lo discursar, com certeza é uma oportunidade em ter uma amostra clara e nítida do quanto ele sabe fazer marketing pessoal, aliás, este sempre foi o seu maior mérito, tanto que se fez presidente da república e, ainda por cima, conseguiu induzir a grande maioria do povo brasileiro quanto a sua eterna inocência frente a qualquer improbidade, seja administrativa ou do seu pessoal mais próximo.

Incansável, ele discursa e prega um otimismo contagiante, sempre mostrando o positivismo das conquistas econômicas, o que é pura verdade, mas que empana as profundas derrotas no campo social, arrastando a poeira do caos educacional, por exemplo, para debaixo de um enorme tapete, que ele sabiamente conhece e ajuda a manter, que é a ingenuidade tupiniquim que domina e que leva os pretensos cidadãos brasileiros a crer que poder adquirir em 24 meses uma TV, um tanquinho ou coisa que o valha, significa melhoria na qualidade de sua existência, mesmo morando em favelas e guetos sem qualquer mínima condição de infra estrutura humana e social.

Hoje, a média de permanência dos jovens na escola é de sete anos com previsão de aumento para dez, nos próximos quinze anos. Tempo longo demais para um índice tão pequeno de crescimento e menor ainda de qualidade, o que não parece ser problema para o atual ministro da educação em recente entrevista à Globo News a respeito das pesquisas anuais do IBGE sobre o desenvolvimento educacional , pois se sentiu bem à vontade para desconsiderar a péssima qualidade que o ensino vem oferecendo em todos os níveis educacionais, ressaltando o ensino fundamental, base pedagógica para todo o restante, se assim houver, ou para tão somente qualificar pessoas no exercício de uma vivência mais digna.

E então, ao ouvir e ver o Presidente discursando, penso no quanto o povo brasileiro poderia estar de verdade ganhando se houvesse veracidade de intenções a uma real e sólida proposição quanto a uma alteração do atual quadro social. Que maravilha seria se 10% de tudo que foi questionado nas décadas passadas, enquanto o PT era oposição, sonhando e buscando o poder com todas as forças e dinamismo que dispunham houvesse se realizado.

É... infelizmente, chegando ao poder, as únicas realidades que permaneceram imaculadas, foram a cor de suas bandeiras a empanarem os olhos com seu vermelho rubro e os discursos inflamados de populismo, disfarçando o negro ofuscante do visível abandono que nos assola. Afinal, se a pretensão é chegar, como ele afirma, a pelo menos ser considerada a quinta maior potência do planeta, não há de ser com o vergonhoso esquadrão de semi analfabetos que hoje sai de um segundo grau de nossas redes de ensino público.

Daí com certeza da necessidade em se distribuir cotas nas universidades, com a desculpa esfarrapada de defesa dos menos favorecidos. Ora, se houvesse a preocupação e disposição em oferecer uma mudança radical e séria na inércia que hoje se apresenta em relação ao ensino público, nenhum jovem de baixa renda deixaria de receber todas as condições básicas ao seu desenvolvimento intelectual e tão pouco precisaria receber mais uma esmola que somente o desqualifica e o mantém refém de um falso amparo social, na categoria de fraco e incapaz de por si só galgar seus próprios méritos e conquistas pessoais, além de aliciá-lo a uma postura subjetiva de exploração de sua condição de mais fraco, induzindo-o a culpar aqueles que possuem um pouco mais de recurso sistêmico, por sua condição inferiorizada, acirrando ainda mais a partir daí um apartheid pra lá de desumano.

Entretanto, para que isto não acontecesse, seria preciso que também houvesse consciência coletiva daqueles cujo poder intelectual não estivesse embutido em valores apenas individuais e egoísticos, e se lançassem na luta democrática, que eu diria, bendita, de um resgate de sua própria dignidade de cidadão e profissional de qualquer área.

Agora, em se tratando do campo educacional, fico me perguntando para que tantos sindicatos e associações se na prática não há qualquer respaldo quanto a absorção desta consciência em prol de uma maior dignidade profissional, além de medíocres aumentos salariais, que então passam a justificar o pouco interesse ou desqualificação de uma categoria de fundamental importância no contexto formador do caráter e da estrutura social dos cidadãos de uma nação.

Por favor, que me perdoem se pareço injusta, empacotando valores em um único embrulho. É que, antes de tudo, sou apenas alguém do povo que se recusa a não enxergar e que tão somente não entende o por que de tanta acomodação frente a uma categoria imensamente poderosa em se tratando de volume de votos, poder de persuasão e multiplicador e formação de opinião.

Penso que “se os metalúrgicos que representam as indústrias, do digamos, bens desnecessários à formação direta do caráter e intelecto cidadão”, se fez forte e resistente para criar um presidente operário, do que se pode então esperar-se de uma classe como a dos professores, formadores da alma da nação?

Jamais conheci um professor/a, que não fosse articulado e, então, me pergunto incrédula o por que de serem tão desunidos a ponto de se fragilizarem e ficarem expostos a um sentimento de piedade nacional e de serem desconsiderados, ou melhor, considerados uma classe menor?

Isto não é justo e me indigna.

Enquanto eu viver e puder expressar a dor que sinto em ver os jovens de meu país não recebendo os seus direitos mais básicos, falarei, escreverei e rogarei por ações menos populistas, egocêntricas e puramente eleitoreiras. Afinal, é o mínimo que posso fazer na cobrança do meu voto oferecido a quem de direito o recebeu.

Enquanto eu viver e puder me expressar de alguma forma, defenderei, mesmo cutucando com vara curta, a classe de professores que considero a mais importante frente a qualquer contexto social onde haja a visão de estruturação intelectual e emocional de pessoas com o objetivo de uma formação de integração cidadã.

Enquanto eu viver e puder expressar o meu repúdio a todo explorador político travestido de salvador da pátria, eu o farei, porque desta forma não permanecerei inerte e omissa frente ao engodo que representam ao contexto social humano.

A ditadura emocional é a mais cruel, porque é justa aquela que nos oferece a falsa liberdade, o falso progresso, os falsos direitos, nos fazendo pensar e até sentir que tudo está bem. Ela é, sem dúvidas, a mãe da miséria, da violência e da banalização dos mais preciosos valores sociais.

Como construir uma grande nação em cima de uma educação de péssima qualidade?
Por que não deixarmos de discursos vazios e priorizarmos parte do PIB para uma educação que forneça os pilares necessários ao salto econômico que se anuncia, mas para uma sociedade mais justa, menos desigual e, sem dúvida, menos violenta?

Essa seria a atitude de um estadista compromissado em resgatar o povo de uma nação que foi relegado historicamente à ignorância, mas precisa coragem para enfrentar as forças contrárias, contudo, essa é a esperança do povo brasileiro marginalizado.
Nesse imenso país deve haver um homem ou mulher capaz de aceitar e enfrentar esse desafio, que na verdade seria a construção do Brasil do presente, em futuro muito, muito próximo!

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