O tempo de adaptação da criança na transição casa / escola é variante, assim também quanto a adaptação da educadora que estará diante de novas crianças, iniciando uma tarefa que exigirá atenção direcionada por mais um ano letivo.
Portanto, ambas precisarão de tempo e condições adaptativas à interação participativa.
Independentemente da série a que a criança será inserida, torna-se necessário um espaço entre a chegada à escola e o início das aulas, assim como já ocorreu um espaço ativo entre a casa e a escola, onde certamente houve a inserção de uma série de fatores externos, contribuindo de forma maciça na constituição emocional, também de ambas, criando uma agitação real em todo o sistema físico e psíquico e que se expressa de formas variadas, tendo como ponto em comum o despertar de sentimentos contrários ao ato de iniciar uma nova experiência, e através deste conjunto de fatores nasce uma rejeição que ao longo do período letivo se expressará de diversas formas, transformando o ambiente no mínimo em um terreno cujos objetivos se encontrarão pulverizados frente ao número de criaturas envolvidas, e como a educadora não se preparou devidamente, certamente se perderá, nem que seja em parte, na saudável interação cotidiana.
Este é um aspecto determinante a ser observado, já que por um longo período diário ela deverá representar um ponto de referência àquelas crianças e, portanto, suas posturas serão por todo o tempo registradas pelas mentes infantis à sua volta.
A escola será sempre um campo fértil para uma mais rápida adaptabilidade se a ela for inserida objetivos coletivos e, portanto, o oferecimento de um som musical será bem vindo, permitindo que a criança assimile o novo ambiente de maneira menos estressante.
O primeiro assunto a ser tratado no início das atividades deve ser a saudação aos demais através de um bom dia individual , após a educadora expressar-se de forma alegre e indutiva quanto a sua alegria por estar alí, naquele momento, iniciando uma nova atividade. É preciso que as crianças, reconheçam esta satisfação a fim de estimular maior participação.
Na realidade, a escola e os alunos devem representar justamente à educadora uma fonte de abastecimento e jamais de peso ou cansaço, o que a primeira vista pode parecer filosófico, mas que com a devida compreensão, torna-se uma fonte inesgotável de reforço emocional, pois, afinal, ela estará dia após dia tão somente exercendo uma atividade com a qual obtem recursos financeiros de subsistência, além de estar exercitando preciosos momentos em que aprenderá a absorver as afinidades presentes.
Portanto, estabelecer uma parceria amigável com o ato do trabalho em sí, torna-se prioridade, uma vez que facilitará por todo o tempo o fluxo absorcivo e doativo dos relacionamentos educadora/aluno, o que representa o ideal profissional. A antiga, ultapassada lista de presença, deve, portanto, ser utilizada, adicionando-se a ela o calor humano do real cumprimento, levando a criança com o hábito diário a perceber o quanto é importante a saudação aos demais e ao fato de se fazer reconhecer através de seu nome, que afinal será sua identidade primeira e única por toda a sua vida.
É fundamental induzir-se a criança ao reconhecimento de si mesma atráves de seu nome e da importância que este terá como fonte identificadora. Fazê-la compreender que ela é um ser completo, rico de potenciais e sempre pronto a doar e a receber é a maior tarefa de uma educadora, pois a partir daí, todo e qualquer manancial pedagógico, encontrará um reservatório amplo e acolhedor .
É preciso que se mude o conceito separatista entre ambos, sem, no entanto, deixar-se cair por terra o sentido hierárquico necessário a um equilíbrio de convívio. Os papéis devem ser bem discriminados e apresentados sem que haja qualquer insinuação separatista ou autoritário. Estimular o respeito através da franqueza e do carinho, mantendo por todo o tempo de convívio a indução ao olho no olho como exercício de respeito a si e ao outro.
As atitudes punitivas devem ser substituidas pelas atitudes corretivas, que precisam ser esclarecidas às crianças, desenvolvendo nelas o senso de responsabilidade à si mesmas, ou seja: é preciso despertar na criança uma enorme e sem limites paixão pela vida que está se expressando em si mesma, valorizando por todo o tempo seus potenciais, fazendo-a reconhecer cada um deles, começando pela sua constituição física, que lhe possibilita viver, independentemente dela possuir alguma deficiência física ou psicológica, pois existe dentro do emocional de cada criatura uma real necessidade de afagos, não havendo limites para a sua capacidade absorciva, assim como de doadora universal, ficando os limites tão somente como legado dos inertes posturais, que se formam através da mesmice, da falta de estímulos ou de indução comportamental de grupos ou massa sistêmica.
Uma criança amada, estimulada a amar, tem mais chances de aprendizado e adaptabilidade, sem que para isto tenha-se que molda-la a padrões disciplinares de rigor absoluto ou permissividade constante. O estímulo ao reconhecimento de si mesma, indiscutivelmente a induzirá à uma convivência mais harmoniosa com os demais, pois estará sublimado em seus sentidos toda uma vibração de afinidade coorporativista que lhe induz crer ser mais saudável partilhar e, para tanto, os materiais escolares devem ser também coletivos, oferecidos em sala de aula, como borrachas, lápis, régua, apontador, ficando apenas os cadernos e livros como identificador individual, despertando assim o sentido do compartilhamento respeitoso.
O início das atividades a cada dia deve ocorrer sem pressa, mas dentro de um ritmo em que a atenção da criança seja despertada e concientizada da importância de estar lá, junto aos demais e sendo em parte responsável pelas horas que se seguirão e que devem ser proveitosas por serem sagrados instantes da vida de cada um.
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