Sim vou votar

Faltam apenas dois dias que definirão os próximos quatro anos e percebo absolutamente pasma que continuamos pensando e agindo exatamente como sempre, mesmo em meio as mil  evoluções tecnológicas, científicas e de costumes, positivas e negativas com as quais, somos obrigados a conviver, sem que tenhamos alterado um milímetro sequer em nossa capacidade avaliativa, deixando-nos conduzir ora pela paixão desmedida e sem qualquer base lógica que a justifique, ora por alguns trocados ou míseros benefícios de duração e tempo frágeis.

Penso então, que quem sou eu para determinar o certo, o adequado, além de minha própria perspectiva, senão, uma senhorinha voltada a valores, hoje, desgastados como honra pessoal e pública?

Aparentemente só, mas na realidade, acompanhada dos pássaros  e de um lindo dia que lentamente desponta no universo e que acompanho passo a passo, além do som bendito da melodia Ave Maria Bach Gounod lindamente orquestrada, fixo-me então, exatamente na orquestração harmoniosa que a compõem comparando-a, inevitavelmente com a apresentação política a cada eleição, que a cada pleito se apresenta mais chula e desprovida do senso patriótico e muito menos, em relação ao “bem comum” que, confesso entristecida, jamais em toda a minha vida, ter sido capaz de constatar, fosse nas campanhas eleitorais, fosse na condução de qualquer mandato, fosse no legislativo ou executivo, como se de repente, ao tomar posse, os votos que os elegeram, já nada mais representasse, assim, como cada votante se distancia da continuidade de um processo, no qual, ele foi a peça principal.

De repente, diz pra si mesmo que não está nem aí...

Sim vou votar, mesmo não mais precisando, mas, como omitir-me?

Penso então, que enquanto eu estiver viva e capaz, estarei tentando com o meu voto, encontrar um pouco da humanização da qual, não só acredito, como sei que é possível ser implantada, a partir do entendimento individual de que, tudo fica mais fácil e saudável, quando, somos capazes de enxergar o outro, dividindo com ele, sentimentos, prazeres e até nossas dores, não deixando fenecer em momento algum, a bendita empatia que afinal, quando escassa, se apresenta como espada afiada dividindo ideias, sufocando ideais e flagelando os cotidianos, mesmo para os que muito possuem.

E aí, após as eleições, estejamos como vencedores ou vencidos, o vazio se estabelece, trazendo de volta, medos e frustrações, velhos e corroídos parceiros do ostracismo.

Pessimismo?

Apenas, na solidão de uma realidade a anos-luz de qualquer evolução humana, sempre capenga e dolorosamente inútil, sempre conduzida pelos brilhos da estupidez humana em não perceber a vida em seu gigantismo avassalador, pedindo socorro a cada milionésimo de segundo.

Regina Carvalho-4.10.2024 Itaparica.

*Qual é o dia e horário da votação?

Primeiro turno: 6 de outubro, das 8h às 17h (horário de Brasília)*

Segundo turno: 27 de outubro, das 8h às 17h (horário de Brasília)**