O que os olhos não veem, certamente é o que define uma pessoa, mas quem tem tempo para buscar verdadeiramente o não visto?
Daí, tantos desencontros e frustrações, daí tantas lágrimas e solidão...
Paradoxo, se comparado ao absurdo das perdas de tempo e preciosas energias, buscando-se paliativos que preencham o vazio que só vai aumentando com o passar deste mesmo tempo, dantes tão economizado.
Pense nisto e comece se perdoando por ter sido tão pouco perspicaz em relação ao que verdadeiramente poderia ter lhe poupado o seu precioso tempo e em seguida sorria, afinal, hoje é segunda-feira, uma nova semana está só começando, oferecendo-lhe uma nova oportunidade para que possa enfim, retirar as vendas da leviandade, focando toda a atenção no que verdadeiramente é importante, que com certeza, não se resume em aparências estéticas e muito menos em dinheiro e coisas(se bem que são ótimas e é bom tê-las) mas em tudo quanto, faça a sua vida seguir leve e repleta de muitos gozos existenciais, fechando de vez a porta do imediatismo, que pela pressa e falsos valores, possibilitaram a troca do certo pelo duvidoso.
Há sempre tempo para se corrigir os enganos e precipitações, há sempre tempo de se preencher o vazio.
Afinal, o jargão de que a vida é assim e não posso mudar o que acreditei um dia ser o meu ideal é uma premissa falsa incutida em nós, pelas mesmices dos continuísmos atávicos dos valores culturais e religiosos, deslocados da verdadeira essência da vida que, se resume em percorrê-la harmoniosamente e sem medo de ser feliz, aí sim, ao gosto de Deus.
Mudar, jamais significou não ter respeito ou desprezar o que se deixa para trás, mas é antes de tudo, um ato de coerência consigo e com o tudo mais que o cerca, elevando qualquer situação a um patamar de clareza, verdade e lealdade à vida, onde não cabem culpas, mentiras e disfarces de qualquer natureza.
Se existe um bendito Deus e eu creio que ele exista, já que o sinto em mim e no tudo que me cerca, principalmente, no absurdamente próximo, com certeza, ele não me ofereceu a vida para que nela eu sofresse e me tornasse um zumbi vagando em frustrações e ostentando um tudo bem sem real brilho, mas sim, para dela extrair o tudo de bom que possa colaborar com minha evolução, o que está implícito, senti-la sem teme-la em todo o seu potencial.
Penso então em Jesus que sem olhar para trás, mas sem desprezar o que deixava, mas ciente de que não recebera a vida para se sentir infeliz diante de tantas grandiosidades, seguiu o seu próprio caminho, abrindo espaço para que outros, inclusive seus familiares, repensassem suas próprias vidas, o que levou alguns, a mais adiante, segui-lo.
Não podemos prever com garantias o futuro, mas podemos alterar o que nos sufoca no aqui e agora, garantindo no mínimo, se houver um amanhã, que ele seja de vida e liberdade, para que ao acordarmos e nos olharmos no espelho, enquanto, escovamos os dentes, possa estar nele refletido, um sereno semblante de quem, verdadeiramente é...
Regina Carvalho- 28.10.2024 Itaparica.
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