terça-feira, 8 de outubro de 2024

APENAS, PERDÃO...

Em algum momento, que não sei exatamente qual foi, as muralhas de valores éticos e morais foram sendo destruídas em velocidade assombrosa e em seus lugares foram sendo erguidas frágeis colunas de novos valores, deixando pessoas, como eu e tantas mais, absolutamente inseguras, pois são visíveis suas insustentabilidades.

Para todos os lados que se olhe, lá está o mal feito com aparência de contemporaneidade chique, sem estrutura sólida que o sustente, sem valores que lhe imprimam qualquer respeito.


Quando escrevo sobre a alimentação, educação e a saúde brasileira, na realidade estou escrevendo sobre a vida, pensando nada mais valer, perante estes aspectos que dão ou tiram todo o fôlego da criatura humana.

E quando falo em fôlego falo de alma, de alegria, da disposição criativa que incentiva, energiza e faz dela um potencial ilimitado.

Sem alimentação, educação e saúde normatizadas, a criatura humana se marginaliza, ocupando espaços, sem que tenha qualquer utilidade, tornando-se apenas mais um item de algum índice estatístico que em sua maioria espelha, mas não corrige, orienta, mas não fiscaliza, tornando-se exatamente o que são, mapas determinantes de realidades esquecidas

Sem alimento, educação e saúde, não há dignidade que se sustente, não há país que se desenvolva, não há um povo que se orgulhe.

Sem alimento, educação e saúde, não há convivência que se harmonize, não há limites que sobrevivam, não há humano que se humanize.

Mas com certeza sem a educação e a saúde, haverá sempre aqueles poucos que se beneficiam, assim como aqueles muitos que quando muito sobrevivem, disputando em arenas, calçadas e becos fétidos, tal quais os tigres, raposas e os insalubres ratos.

Ao escrever doída estas minhas ponderações, reservo, no íntimo, esperanças em perspectivas futuras que alguém ou algo um dia apareça, trazendo na bagagem um pouco que seja “daqueles valores”, velhos e corroídos, mas aperfeiçoados e, quem sabe, com eles possam temperar os muitos novos, que a cada instante pipocam, criando, talvez, um mais novo conceito de vida e liberdade, pautado no resgate respeitoso de se crer no alimento, educação e na saúde como únicas instituições capazes de capacitar a criatura humana à viver e conviver, entre vitórias e perdas, de forma mais digna, honrada e meritória.

Perdão, então, porque ainda idealizo, acredito e espero.

Regina Carvalho-8.10.2024 IItaparica

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