Acordei com o barulhinho da chuva caindo por sobre o telhado e gostei de ficar mais um pouquinho deitada, curtindo a gostosura daquele aconchego e como sempre ocorre, minha mente de tão eufórica, não se contém e assopra em meus ouvidos; levanta criatura e vá escrever sobre teus “propósitos”...
Então, fui lá atrás e insistentes, as lembranças se sobrepujaram a apressada vontade descritiva e um filme começou a deslizar na bendita tela de minha mente e lá estava a Regininha, brincando com as piabinhas das águas geladas do riacho de Guapimirim...
Foi lá que tudo começou e se estendeu através do céu aberto do terraço da Barão da Torre, onde abraçava o sol e contava as estrelas da minha sempre rica imaginação.
As crianças dos anos cinquenta, apenas brincavam e nem se davam conta que os adolescentes eram influenciados e levados a adaptarem os quereres da infância a uma torrente de modismos vindo de Hollywood, trazendo na bagagem a calça lee, o blusão de couro e a mensagem constante de uma liberdade que desconheciam, através de uma rebeldia intitulada de juventude Transviada, tendo como protagonistas o sedutor James Dean e a encantadora Natalie Wood.
Enquanto isso, eu crescia absolutamente antenada entre o Rock Holl que meu irmão curtia e a doçura de Sissi a Imperatriz com Romy Shneider linda, deslizando nos belos jardins de um palácio na romântica Áustria.
E aí, a prolífera mente da então apenas uma garotinha de seis anos adaptou o cenário da própria vida ao esplendor das areias da praia de Ipanema, transformando a balaustrada do terraço do prédio de apartamentos, em sacadas do palácio encantado de sonhos e projetos que se centravam na chegada do formoso príncipe que com ele traria o amor.
E assim, em meio as muitas transformações que a década seguinte trouxe para as cabecinhas dos adolescentes, o incentivo maior veio através das músicas de Roberto Carlos, selando desta forma o meu único e real propósito de vida que seria amar.
Ah! Como eu amei...
Amei tanto que hoje, confesso, jamais ter conseguido atuar em minha vida sem que o bendito amor não estivesse inserido.
Ele protagonizava os meus instantes e escolhas...
E deu certo, até mesmo quando tudo pareceu errado aos olhos do mundo...
Parou de chover, olho através da janela e constato que a minha sacada de propósitos mudou muitas vezes de local, mas a menina debruçada repleta de amor, foi sempre a mesma.
E aí, percebo com clareza que o meu amor, não veio sozinho, pois, trouxe consigo a lealdade, verdadeiro caminho da mais legítima liberdade.
Um lindo dia para o menino ou a menina que reside na essência de cada um que neste momento me lê.
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