Já faz um
tempinho que assim como de repente, lá estava eu numa maca fria de uma sala cirúrgica
sem qualquer perspectiva, crendo estar indo a caminho do fim.
Estranhamente,
volto a recordar que já não mais sentia medo, apenas um enorme frio que fazia
doer os ossos da coluna e que congelara os lábios.
Olhava fixo
para o teto, talvez buscando o sol através do grosso concreto, talvez, buscando
um céu inspirador de tantos escritos.
Naquele
instante, nada mais importava, nem mesmo eu, pois nada me era possível pensar.
De lá para
cá, não faço outra coisa, além de me reeducar.
Exercitando a
gratidão por ter voltado a vida.
Gratidão no
sentido literal de não me permitir perder mais um segundo sequer, levantando
bandeiras nas constantes batalhas, mas ainda assim, com tantos aprendizados, me
vejo vez por outra no pódio do sistema, ensaiando o hasteamento.
Que se danem
os mentirosos, os safados e encrenqueiros.
Que se danem
os chulos que alimentam a fome.
Que se danem
os tolos que do expurgo se saciam.
Que se dane
a Dona Regina com seus sonhos libertários.
Quero mais é
viver o tempo que me resta, enxergando e dizendo:
-Olá, para
cada amanhecer.
Não é tarefa
fácil, reaprender a viver, pensando no mundo quando, sinto que o universo sou eu.
Acordei egoísta,
talvez mais sábia, mas com certeza feliz.
“Para você
que me lê, um domingo onde a partir de seu próprio universo, o mundo fique um
pouquinho mais humanizado”.
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