Em meio aos
depoimentos pessoais e oficiais das vítimas de estupro que são quase que 50.000
anualmente, ganhando inclusive do número assustador de homicídios em nosso
país, nota-se a variante dos locais onde o fato ocorre.
Todavia, a
exposição das jovens em festas chamadas de “Pancadões, além dos FUNKS de favela
que ocorrem nas periferias das grandes cidades, está colaborando enormemente
para a disseminação do hábito doentio de se considerar a mulher uma mercadoria
disponível à ser usada e descartada.
Atrelada a
esta realidade, encontra-se uma sociedade que se recusa a encarar os malefícios
que os excessos de toda natureza tem influenciado o descontrole comportamental,
não mais atingindo apenas os jovens, mas todas as faixas etárias, como se a
pressa de tudo fazer e experimentar, fosse a máxima vivencial, excluindo a
busca de objetivos existenciais, num colapso social, cujo único freio,
certamente é o resgate dos cuidados pessoais, sem atrelar necessariamente à
esta necessidade, regras e mandamentos filosóficos ou religiosos, tão somente,
a lógica da autoproteção.
Para quem
muito já viveu e observou através das décadas que se sucederam, a mudança não
foi repentina. Ao contrário, foi lenta, mas contínua e sistemática de
simultâneas concessões, muitas das vezes sem qualquer análise mais profunda dos
efeitos colaterais advindos das novidades sociais que se nos garantem alegrias,
praticidade e prazeres, também trazem consigo, contraditórios que precisam ser
devidamente balanceados.
Portanto,
não se trata de culpar as mulheres, justificando não só os estupros como toda a
violência que prolifera em relação a elas, mas explica sem pano de fundo ou adereços
do politicamente correto, a demência social em que nos encontramos, pois se
olharmos para outros seguimentos da sociedade brasileira, facilmente
identificaremos o pot -pourri de abusos e afrontas, num desfile catastrófico,
desfigurando a importância da família da ética e valores que se não eram
perfeitos, pelo menos freavam a tendência do ser humano em não se reconhecer
como uma criatura capaz de ser e de se realizar, através de suas emoções e
razão, únicos atributos que os distingui dos demais animais.
Portanto,
onde ficarmos para não sermos estuprados?
Não se trata
de frear as mudanças e o progresso, aliás, são sempre muito bem-vindos, apenas,
repensar a formação dos núcleos de convivência para que num futuro muito
próximo, não estejamos cercados de mil parafernálias tecnológicas e nos enxergando
como inimigos mortais.
“A
oportunidade faz o ladrão”, simplesmente porque a pré-disposição à posse do
alheio, está inserido na genética de todos nós.
Partindo
desta premissa popular, torna-se possível percorrer uma infinidade de razões
que estimulam a violência de todas as naturezas, prevalecendo os fortes sobre
os fracos, num retrocesso incompatível com o progresso que mal conseguimos
acompanhar de tão rápido e pouco entendido.
Então, não
importa onde estejamos e qual a idade que tenhamos, se formos os mais fracos,
seremos sempre agredidos, que o diga a política brasileira que nos destrói continuamente,
numa repetição incansável de violência que também lenta e sistematicamente
fomos permitindo e consequentemente, concedendo a todos os demais seguimentos
de nossa sociedade.
Então, qual
o local seguro para não sermos todos estuprados
Penso então,
que antes de criarmos diferentes formas cruéis de punir os agressores pontuais
que, pensemos nas razões que estimulam suas existências, pois só assim,
estaremos preparados e com coragem para corrigir os excessos, estimulador maior
de todos os desmandos que somos capazes de produzir.
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