Debruçada sobre
o peitoril da janela da sala, observo a chuva que, intermitente, refresca o
jardim e a mim, afinal o calor dos últimos dias foi, simplesmente, abrasador.
E pensar que
nem sequer a primavera chegou, levando-me a imaginar, como será no alto verão.
Fecho os
olhos e posso ouvir os ruídos diversos que a chuva provoca ao chocar-se ou,
apenas, deslizar por sobre as plantas, flores e gramado, associando-se aos de
alguns pássaros agitados que se esguelham por entre as folhagens, saindo de
nossa visão, mas permanecendo de forma expressiva, especialmente, os sabiás,
que distingo perfeitamente.
Os cães
silenciaram, como se assim como eu, quisessem sentir profundamente este momento
aparentemente comum, porém, repleto de mensagens subjetivas e vibrações que, somente
os bichos e gente esquisita como euzinha, se permitem perceber.
Que coisa,
hein!!!!!
Abro os
olhos, por que sinto que algo mudou de repente, e junto com um leve arrepio,
sinto vontade de escrever, registrar mais este momento da vida, onde fui pela
milionésima vez, despertada para um momento simples que, de tão belo, se torna magnificamente
único e, portanto, especial.
E todo o
cansaço dos muitos estudos, que me fez parar minhas atividades e ir até a
janela apreciar a chuva, num estalar de dedos desapareceu, dando lugar a um
sorriso maroto, um respirar profundo, num agradecimento à vida.
Que nesta
quarta-feira, o imperceptível do cotidiano se torne a sua fantástica realidade,
oferecendo a magia da percepção de estar vivo, existindo, podendo apenas
sentir, inclusive, o bendito cansaço.
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