Os ventos estão tão fortes que mais parecem os de agosto,
envergando coqueiros, balançando galhos, derrubando frutos, despetalando
flores.
Os sons do farfalhar das folhas são agitados, nervosos,
pouco amigável, fazendo o mar se encrespar e o meu corpo arrepiar.
Os pássaros ressabiados procuram, me parece, inutilmente
um lugar seguro para se abrigarem, um abrigo mais tranqüilo para, então, voltarem
a cantar.
A natureza me parece zangada, aborrecida certamente
conosco que incansavelmente a ferimos com nossas ações destruidoras, numa
ingratidão sem limites, numa indiferença que se ainda não a matou de todo,
certamente já despertou nesta tão poderosa, mas também generosa senhora,
momentos de impaciência que ela expressa desabafando, através de seus ventos
fortes e de suas lágrimas de chuva em forma de tempestade.
De repente, tudo parece que começa a se acalmar...
É a mãe natureza que enxuga as lágrimas, sufoca os
gritos, faz calar o pranto.
E num ritual de recolher os cacos, assim como ela,
lamento pela rosa desfolhada, pelas amoras deitadas ao chão, pelo ninho
despedaçado e pela solidão que percebo neste acalmar dos ventos ao meu redor.
Que nesta quinta-feira, você consiga
também recolher os seus próprios cacos pensando unicamente no aprendizado que
as dores lhe trouxeram.
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