sexta-feira, 25 de março de 2011

POTENCIALIDADE X SABOTAGEM


Thales de Mileto

Nesta manhã de sol fraco em um ambiente totalmente contrário ao qual me acostumei, por escolha própria desde sempre, observo através da janela, as pessoas indo e vindo em suas iniciações cotidianas e então penso, que foi justamente por não conseguir entender o porquê delas se apresentarem agitadas e confusas se, eu as enxergava um todo completo que, inconscientemente, comecei a percorrer seus universos pessoais, como uma ávida curiosa, buscando razões lógicas que, justificassem a anulação sistemática de suas potencialidades, através de emoções destrutivas e absolutamente inúteis, valorização de suas existências.

Fui então percebendo que a sabotagem era continuada e se apresentava através de posturas emocionais repetitivas e, portanto, viciadas, ao ponto da criatura não mais distinguir a sua real natureza, desejos e realidades íntimas, mostrando-se incapaz de conviver com elas, criando mecanismos camuflatórios por temer expor-se aos demais.

Analisando suas potencialidades, assim como suas imensas capacidades destrutivas que sabotavam por todo o tempo a grandeza de seus instantes presentes, fui percebendo o quanto de brilho ia se perdendo ao longo de suas caminhadas vivenciais, assim como desaparecia na mesma proporção os entendimentos básicos existenciais, que, deveriam estar estampado em suas peles, olhos, sorrisos e principalmente nas mentes por elas serem pensante e, portanto, deveriam funcionar como bússolas em seus caminhares.

Era-me absurdamente estranho, ter que agir contrariamente às minhas necessidades, apenas e tão somente porque deveria ser assim, porque as demais pessoas assim agiam e esperavam que eu também assim agisse.

Mas eu pensava: O que farei do meu querer?

_Como poderia sobreviver, sufocando o que enxergava, ouvia e sentia de minha insistente força íntima?

_ Como anularia em mim a força propulsora que me fazia querer viver de acordo com o que absorvia de orientação pessoal mental?

Como controlaria aquele tsunami emocional que queria fazer de mim um ser totalmente livre das amarras de um cotidiano que por todo o tempo me parecia pobre, repetitivo, sem qualquer colorido ou perfume que minha natureza identificava com tantas afinidades com a natureza pura e abastecedora com a qual eu convivia em meio à minha Guapimirim.

Confesso que este tem sido o maior desafio de minha vida a ser superado ou conquistado, sei lá...

Afinal, é sempre mais cômodo analisar os demais, crendo estarmos sempre encontrando o ponto de equilíbrio que faria do outro um ser mais equilibradamente natural.

Entretanto, entendo até mesmo por experiência própria que somente nós mesmos somos capazes de adentar em nossas mais profundas cavernas interiores para extrair de lá as lógicas racionais que justifiquem toda e qualquer superação de sufocamento emocional, ficando as ciências da mente e da farmacologia como coadjuvantes neste processo de restauro nem sempre conquistados em sua magnitude, mas possivelmente esclarecedor, esbarrando sempre na vontade voluntária de nós mesmos que de tão condicionados a sentirmos medo em viver, enfiamos nossas mentes em um saco invisível que nos faz não enxergar o que nós mesmos ansiamos em nos apresentar.

Após tantos anos de tentativas e desistências, creio que o medo de viver sendo o que sou é sempre o que mais me assusta e também aos demais.

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