sexta-feira, 4 de março de 2011

Relações promíscuas...

Reconheço que ando escrevendo bem menos que o habitual, buscando uma razão plausível, creio que o motivo são as emoções pessoais que andam a mil .
Como sou uma questionadora contumaz de minhas próprias reações, fazendo de mim não uma cobradora, mas acima de tudo uma observadora, reconheço que tenho permanecido bem mais interiorizada, relaxando através de sistemáticos exercícios respiratórios, caminhando logo ao amanhecer nas areias de minha praia, lendo tudo que pinta na minha frente, enfim, fazendo uma espécie de pausa, deixando, assim, minha mente descansar dos assuntos que em sua maioria são os mesmos, mas que com a cabeça descansada sou capaz de enxergá-los sempre com ângulos e focos diferenciados.
Em meio a esta pausa, que creio ser merecida, vejo minha Itaparica indo aos poucos sendo tomada por visitantes que por aqui aportam em busca de um feriado carnavalesco menos confuso, barulhento e perigoso, pois apesar de reclamarmos por todo o tempo que a cidade está violenta, se compararmos com a capital e outras cidades do interior, isto aqui ainda é paraiso, onde ainda é possível passear pelos calçadões, conversar com os vizinhos sentada no portão de nossas casas e, até que eu saiba, ainda não se falou em trombadinhas.
Venho reparando que nos últimos meses, os assaltos diminuiram, pelo menos, não tenho escutado tantas reclamações de amigos ou denúncias de leitores do jornal, crendo eu que a polícia tem realizado o seu trabalho com mais eficácia.
Enquanto isso, nas esquinas e botecos, o assunto é política, bem por aqui é assim que chamam a troca de porcariada sem rumo que assola esta cidade desde os tempos idos de um progresso que não aconteceu.
Entretanto, dentre as mazelas constantes, é preciso ressaltar as coisas raras que acontecem, e uma delas é a manutenção da limpeza da cidade, das pinturas constantes de meios fios, das ruas iluminadas, o que oferece um "me engana que eu gosto", mas que agrada aos olhos e disfarça a mente para todo o restante de porcariadas que se sucedem.
Menos mal para as vistas, mas triste para os professores que sequer têm giz para dar suas aulas, para os alunos que não recebem merenda escolar, para os doentes que não encontram remédios de que necessitam e de profissionais adequados para atendê-los.
Todavia, se não reclamam, deduzo que esteja bem para eles ou sequer saibam em sua maioria que tem direito a tudo isso e mais alguma coisa como cidadãos.
A pilhagem é geral do alho aos bugalhos, assim como o silêncio é sepulcral, como se tudo estivesse bem, e talvez esteja mesmo, afinal se jamais comi banana, como reconhecer o seu sabor original, não é mesmo?
Enquanto isso, vou cuidar da minha vida, antes que me enterrem tal qual fizeram com a cidade, pois tenho observado que no final das contas todos são amigos, todos se unem quando seus interesses convergem e tudo permanece igual, e certamente não serei eu, a branca de fora, que vai mudar alguma coisa.
Lamento, mas fazer o quê?
Enquanto isso, vez por outra, reclamo um pouco, faço birra e bato os pés, usando os recursos de que disponho, para pedir socorro ao ministério publico, que sem vida, sem alma e absolutamente omisso, tudo assiste de braços cruzados como se todas essas mazelas, assim como o bem estar do povo, não lhe dissessem respeito.
A ligação promíscua do legislativo com o executivo, sob o olhar benevolente do judiciário, destrói de forma cruel a esperança desse povo já tão sofrido, com a justificativa de se fazer alianças e articulações políticas, quando na verdade usam do dinheiro público para bancar os interresses puramente particulares.
Que coisa, heim!

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