sábado, 5 de março de 2011

CARNAVAL

Acho que é uma questão de gosto pessoal o fato de eu não gostar de brincar no carnaval.
Desde sempre que posso me lembrar, repudiei qualquer ideia relacionada a esta festa popular que a maioria dos mortais adora, e sem que tenha havido qualquer motivo a me levar a este sentimento hostil, pois acho tudo muito sem sentido ou talvez apenas enxergue uma oportunidade das pessoas se deixarem levar por alguns dias para uma irrealidade que momentaneamente as seduz e imprime uma sensação de felicidade.
Deve ser bom, não questiono as benesses oferecidas por estes momentos que associados ao álcool e coisinhas mais possam oferecer fuga barulhenta e normalmente regada também de muita liberação sexual, e pensando nisto, penso no quanto deve ser estranho no dia seguinte, se a memória aflorar, lembrar-se das muitas bocas beijadas, carícias trocadas e sexos realizados com corpos e almas de verdadeiros estranhos.
Além de muito bom que muitos dizem ser, pergunto :
- O que fica? Ou nada mesmo é para ficar?
Confesso que jamais entendi estas posturas que chamam ora de liberdade, ora de felicidade, ora de grande barato. Talvez eu sempre tenha tido uma personalidade retrógrada, muitos diriam, assim como podem inclusive achar que sou uma moralista fora de moda.
Na realidade, não sou nada disso, apenas alguém que não consegue assimilar determinadas posturas humanas, enxergando nelas tão somente um profundo vazio.
No entanto, creio que há sempre um lado positivo ou, pelo menos, razoável de ser apreciado, como por exemplo os desfiles das escolas de Samba, dos blocos tradicionais e, neste ano, o ressurgimento dos desfiles de fantasias que durante décadas coloriram o carnaval com luxo e originalidade, desfocando um pouco o negativo dos sexos explícitos nos salões e calçadas que as revistas e os jornais, já na década de setenta, exibiam em sua páginas, fazendo do que já foi uma festa popular de pura alegria um desregramento total.
Conto os minutos e os segundos para a bendita chegada da quarta–feira de cinzas, onde então calar-se–ão os batuques e trios elétricos e se contabilizarão os prejuízos e inconsequências, que para alguns, infelizmente, terá como preço a própria vida, que severa cobradora certamente não deixará passar batido sem apresentar o seu ônus devido.
Todavia, pra quem gosta e se acostumou às ressacas do depois, tudo é fantasia, tudo é serpentina, tudo é alegria.
Será?

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