segunda-feira, 7 de março de 2011

FASCINAÇÃO

Neste começo de manhã, enquanto me banhava no mar de Ponta de Areia, rindo e agradecendo a Deus pelo sossego que estávamos usufruindo, sim, porque a galera da folia ainda não tinha se levantado, além de uns gatos pingados que não chegavam a incomodar, porém, eis que surge um baita ônibus, daqueles que assustam pelo tamanho e, dependendo do momento, assustam mais pelo que transportam.
Calei-me na expectativa do previsto não desejado, mas não sem vez por outra fazer um comentário mais que sarcástico, porque me dei de repente conta de que estava mesmo era sendo preconceituosa, maldosa, maliciosa, impiedosa e todos os adjetivos possíveis ainda eram poucos para a minha estarrecedora crueldade e pobreza de espírito.
Falava, gozava e lamentava, por me achar melhor que aquelas criaturas que desciam apressadas, loucas para pisarem na areia, finalmente livres, alguns paravam fascinados com o espetáculo que se descortinava diante de seus olhos em uma nítida e autêntica realidade de que jamais até então, haviam conhecido as belezas de qualquer praia, fosse onde fosse.
Por um segundo interminável que me cortou a mente, senti imensa vergonha de mim mesma.
Afinal, perguntei-me em voz alta, despertando a curiosidade de meu marido que calado, mas não menos preconceituoso, ao meu lado permanecia.
­- Quem eu penso que sou para criticar estas criaturas em suas autênticas fascinações?
- Que diabo penso que sou para achar que sou mais merecedora de frequentar uma praia?
- Quem sou eu para determinar isto ou aquilo?
- Que tenho eu de tão supremo e especial para criticar suas simplicidades em carregarem suas matulas?
Comento, então, já num tom mais ameno:
- Eles estão felizes em suas realidades, quantos de nós poderíamos falar o mesmo?
Pois é, entre a vergonha de constatar o absurdo de meu preconceito sem qualquer pudor em demonstrá-lo, surgiu em mim uma enorme generosidade em me perdoar, amparada que me encontrava nos conhecimentos existenciais que venho buscando ao longo de minha vida, além de, mais uma vez, constatar o quanto tem sido difícil livrar-me de posturas velhas e corroídas, frutos de uma educação caduca, feudal e maligna que me fez crer durante décadas que por isto ou aquilo, que por questões genéticas ou socioculturais ou pura sorte, eu era melhor que alguém.
Afundei a cabeça na água e por lá permaneci até precisar recuperar o fôlego, emergindo, então, com uma sensação diferente, mais leve, enxergando o sol que começava a se firmar um pouco mais brilhante e que me fez sentir uma sensação gratificante de que, esta era uma manhã extremamente especial, porque, afinal, aprendera um pouco mais sobre mim mesma.
Que coisa, heim!!!!

Um comentário:

  1. OLÁ REGINA, DEIXEI DE LADO A ROUPARA PARA PASSAR, 17 CAMISAS ENTRE OUTRAS PEÇAS, E ESTOU DANDO UMA PASSADA NOS AMIGOS MAIS PRÓXIMOS. QUE MERGULHO REVITALIZANTE DO ESPÍRITO. LINDA SUA REFLEXÃO. ESTAR ATENTA NO AQUI AGORA DÁ PARA DESCOBRIR QUEM SOMOS. DE MIM ACHO-A LINDA! BEIJOS

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Sou uma velha de 75 anos que só lamenta não ter tido aos 30/40 a paz e o equilíbrio que desfruto hoje. Sim é verdade que não tenho controle ...