terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

RETORNO

Faz muitos dias que não escrevo, sem que tivesse havido algum motivo especial.

Pode até ter havido e eu não tenha me dado conta, afinal estes dias de Janeiro e Fevereiro têm sido bastante sofridos frente a este calor que parece me afetar mais que a todo mundo.

De repente, vem à minha mente, com bastante clareza, que o motivo possa ter sido a imensa ansiedade quanto à possibilidade em conseguir uma vaga na Universidade Federal do Recôncavo.

Ah! Eu queria tanto, mais que querer eu precisava tanto ter conseguido...

Meus escritos, meus estudos, minhas teorias, só serão consideradas se eu tiver um diploma acadêmico na área da psicologia, filosofia ou sociologia. Exigências do sistema que, engessado nas mesmices, desconsideram o novo se atrelado a ele não estiver uma graduação na referida área, como se um diploma ou a permanência em sala de aula gabaritasse ou desse interesse criativo a alguém.

Entretanto, é assim que as coisas funcionam e, nesta altura da vida, não podendo perder tempo, joguei-me de cabeça, repleta de entusiasmo, mas não deu.

De que adiantou-me ter aprendido a mergulhar na mente humana se não consegui resolver algumas equações matemáticas referentes ao segundo grau?

De que adiantou projetar um método educacional baseado no naturalismo existencial, priorizando a vida e a liberdade, se ao redigir a redação, falhei nas virgulas e nos acentos?

De que me adiantou toda uma enorme bagagem de experiências na área das humanas se não fui capaz de reter na mente nos últimos 38 anos em que acabei meus estudos, primárias formulas da química e da física?

Pensando bem, não fui assim tão mal. É que a concorrência era grande e a meninada estava com tudo fresquinho na cabeça.

Mas que eu sonhei, ah!, eu sonhei, de olhos abertos e fechados, dormindo e acordada, como uma adolescente em sua primeira empreitada, como aliás acontece com tudo que me apaixono e desejo para mim, e eu quero muito voltar para a universidade, gabaritar meus trabalhos, aprender novas visões, conhecer gente bonita, assimilar conceitos contemporâneos, mexer o esqueleto, simplesmente vivendo o que espero que seja surpreendente.

Na próxima, tento de novo, porque, afinal, foi tentando sem desanimar que consegui escrever minhas versões filosóficas, encontrando em cada uma, motivação para enxergar a vida sobre um prisma mais humano e coerente com toda a perfeição que sou capaz de reconhecer em cada criatura, seja humana ou não.

E é neste reconhecimento estimulador que retorno aos meus escritos, aplacando as frustrações, substituindo a constatação do não conseguido pela certeza absoluta de que fiz o que eu podia fazer e que, doravante, vou com certeza tentar fazer bem mais.

Mas, cá prá nos, que dá uma dor no peito filha da mãe, ah! Com certeza dá.

E aí, penso na crueldade por que passam os jovens nas barbáries da obrigatoriedade de prestarem vestibulares sem sequer, em sua maioria, saber o que desejam.

Precisamos mudar muito os conceitos educacionais, principalmente no amparo às mentes jovens no acompanhamento desta evolução tecnológica e científica que, ao oferecer tantas opções, confunde e faz sofrer.

Se a velhinha aqui se curvou à decepção, imagino então os meninos e meninas, mal saídos de suas infâncias abreviadas, mal formados em suas adolescências tumultuadas por um sistema social cobrador e desumano.

No frigir dos ovos, após dolorosa espera, tenho como suporte minha bagagem de vida, mas e a meninada, como é que fica?

Quem é que pensa neles?

Todavia, quando penso que um país que cultua Lampião, acredita na seca do Nordeste, acha que o Lula é honesto, dá mordomia ao Fernandinho Beira Mar e elege o tiririca, até que me conformo, pois vamos e venhamos, podia ser bem pior, não é mesmo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

BOLO DE MUITAS FATIAS

Descobri fascinada ontem à noite ouvindo e assistindo a um show de Tony Bennet, o porquê, que desde a minha juventude sempre adorei ouvi-lo;...