Votei em Bolsonaro, mas não concordo com a proposição do
texto da Reforma da Previdência, apesar de entender que a mesma é urgente e
indispensável. Todavia, em um país onde a desigualdade social é absurdamente
expressiva, creio que a mesma deveria acontecer de cima para baixo, já que o
povo trabalhador espera no mínimo não ser mais penalizado.
Antes de corrigir distorções dos menos favorecidos, que tal,
focar nos excessos possíveis de serem detectados na classe política, policial,
militar e judiciária, casta de privilegiados, também indiscutível?
Afinal, convenhamos que não há uma só classe que se exponha
mais em seu cotidiano pessoal e profissional que o comum trabalhador. Portanto,
antes de analisarem tão profundamente os “abusos” que hoje são oferecidos aos
que recebem salários ridículos se comparados a outros tantos, por que não se
dedicarem a cortar benefícios daqueles, cujos salários dão inveja a qualquer trabalhador,
mundo afora.
Viúva de um trabalhador miseravelmente assalariado, come
menos que viúva de magistrado, militar ou político?
Estamos vivendo de forma assustadora a hipocrisia no seu
mais alto tom de afronta à todo aquele que não aceita de pronto, modismos e polinizações
de ideias e posturas em todos os segmentos sociais, como se cada pessoa se
transformasse em fantoche de modelos pré -estabelecidos pelos interesses sempre
de grupos que visam amparar os seus próprios interesses com a legitimidade do
voto e tendo como escudo uma constituição que, justamente, no quesito de guardião
do povo é omisso, nas mais primárias de suas necessidades.
Votei esperando uma mudança ampla e irrestrita e tudo que
venho assistindo, lendo e ouvindo são cópias de velhas posturas de ajustes e
acordos, onde os interesses do muito sofrido cidadão em nada verdadeiramente se
estabelece como prioridade.
Câmara e Senado renovados?
Será mesmo, ou tão somente, mudou-se parte dos figurantes
que compartilham o palco de velhos atores, nas intermináveis representações,
onde os heróis vencedores são sempre os mesmos?
No dia em que mordomias e privilégios, amparados em
aparentes e fortes justificativas que chamam de benefícios, forem cortados em
favor do amparo a grossa maioria da população brasileira, ampliando a ela
decente condição de sustentabilidade, certamente se viva eu estiver, terei a
chance de aplaudir estas reais, sérias e eficientes alterações desta página
feia da nossa tão proclamada Democracia, que se repete a cada gestão com um histórico
que até o momento é pura decepção.
Por enquanto, penso que mais uma vez, tiramos o lixo e deixamos
o chorume contaminando o solo.