sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

TRAGÉDIAS?


A cada dia, independentemente do canal de TV, do jornal, da rádio ou da rede social, sinto-me bombardeada por notícias ruins, penso então, que não há como fugir deste sistema que se perdeu em falácias, pois pouco a pouco, lá vamos perdendo o senso da avalição crítica, mecanismo mental absolutamente necessário para que possamos manter um convívio menos danoso.
O fio da meada de qualquer mudança está perdido entre mil argumentos e justificativas que mantém cada pessoa refém de falsas verdades, aprisionada em seu mundinho universal que lhe garanta a sobrevivência em níveis diferenciados, mas tendo em comum o desassossego emocional e físico, recolhendo os próprios destroços e apreciando o recolhimento alheio, e dizendo a si própria que a vida é assim.
A vida é assim ou fazemos que ela seja assim através de nossa insistente inconsciência em não enxergarmos o óbvio das inconsequências?
Trabalhamos, pagamos impostos e cremos que somos bons cidadãos, pois seguimos as leis e cumprimos com os nossos deveres cívicos, elegemos pessoas a cargos públicos e, imediatamente, quando eleitos os transformamos em celebridades, e quando os olhamos, só enxergamos o ilustre, o intocável, o magnânimo do qual esperamos realizações.
E aí, cometemos o mais grave e irremediável erro, afinal, semideuses não servem e sim são servidos; e continuamos errando, pois aplaudimos quando nos oferecem algo, com um muito obrigada humilde que nos consola pelo muito que deixaram de fazer acompanhado dos aplausos que os fortalecem a nos oferecer sempre o mínimo e o mal feito que propicia as tragédias das quais sempre somos protagonistas, seja direta ou indiretamente.
Enquanto alimentarmos as entregas de obras e ações com festas e aplausos, afastamos da mente dos funcionários eleitos por nós o senso da realidade do propósito de terem sido eleitos e não, para tão somente, fazer de ações que deveriam ser corriqueiras, estandartes de contínua campanha eleitoral, feita com a nossa bestice e o nosso dinheiro.
O aplauso deveria ocorrer no final de cada mandato com o nosso bendito voto que o manterá no emprego ou o demitirá, mas enquanto, não mudarmos a regra do jogo, onde somente a banca leva a melhor e o cliente, vez por outra, ganha uma partidinha, continuaremos vivendo entre o medíocre e a catástrofe.
Olho para o meu paraíso, geralmente quando a maioria ainda dorme e fico pensando no quanto a banca já levou e quantas partidinhas nos foram oferecidas, podendo ouvir os mil aplausos, assim como os lamentos dos esquecidos.
Tragédias?
Penso que “descasos” apresentados sempre com aplausos e festas para comemorar obras pífias, a fim de sobrarem mais e mais recursos para serem aplicados neles mesmos e nos seus “extases” pessoais.
Penso que nesses 16 anos em Itaparica, se pelo menos 20% do arrecadado com royalties tivessem tido como destino a infraestrutura, não haveria uma rua, uma ruela sem calçamento ou asfalto e se os demais 30% tivesse sido direcionado para a saúde e área social, não haveriam ainda casas de sapé, dores de dentes e muito menos fome, ficando o restante da arrecadação carimbada ou não, com seus destinos certos.
Tragédia quando nos toca a alma é momentânea e logo superada pela próxima e, de uma em uma, deixamos de prestar atenção no que as causa, numa sequência de hábitos e vícios sistêmicos que nos priva de verdadeiramente sermos livres e felizes.
E aí, o sentido maior de cidadania se perde no vazio dos absurdos.

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