Jamais
entendi por que as culturas locais da maioria das cidades são apenas lembradas
em épocas pontuais em apresentações se adequando ao nível de desenvolvimento de
cada região.
Concordo que
sou uma chata observadora que não se conforma com o que fazem com as culturas
ao usá-las como se fossem macaquinhos vestidos com trajes ultrajantes que eram
presos aos realejos para tirarem a sorte de quem ia nos parques e circos de
antigamente.
Alguém ainda
se lembra ou chegou a conhecer?
Esta
semelhança aviltante que, em dado momento, surgiu em minha mente ainda criança
fez com que eu rejeitasse tais apresentações, pois fui compreendendo que por trás
destes grupos culturais existem pessoas lindas, resistentes, em sua maioria
carentes, que se condicionaram a ter luz apenas em datas especiais.
No restante
do tempo são esquecidos e marginalizados; e isso sempre me revoltou, já que são
na realidade a representatividade da história de um povo, uma cidade, uma
civilização.
Desculpem o
desabafo, mas é que recebi um belo vídeo do grupo os guaranis de Itaparica e,
afinal, o Sete de Janeiro está chegando e, mesmo não querendo, as lembranças
brotam sem pedir licença, pensando nas muitas dificuldades que os mesmos já
vivenciaram, jamais sendo prioridade nas ações sociais e, muito menos, jamais
houve um real interesse por parte não só das gestões como da sociedade local em
agrega-los verdadeiramente ao âmago social e educacional de qualquer amparo
maior.
Penso que
preservar a cultura nada tem com mantê-la aprisionada e refém de um atraso
cidadão histórico, pois como afirmei anteriormente, atrás de um índio ou de uma
baiana com seu samba de roda, existe um ser humano também ávido por se sentir
existente o ano inteiro e não apenas em épocas pontuais, como espetáculo
turístico e atração em solenidades de cunho político.
Estátuas em gabinetes, carroças e emblemas não
são sustentáculos da dignidade daqueles que se esforçam em manter vivas as
tradições
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