domingo, 30 de dezembro de 2018

CULTURA ESQUECIDA



Jamais entendi por que as culturas locais da maioria das cidades são apenas lembradas em épocas pontuais em apresentações se adequando ao nível de desenvolvimento de cada região.

Concordo que sou uma chata observadora que não se conforma com o que fazem com as culturas ao usá-las como se fossem macaquinhos vestidos com trajes ultrajantes que eram presos aos realejos para tirarem a sorte de quem ia nos parques e circos de antigamente.

Alguém ainda se lembra ou chegou a conhecer?

Esta semelhança aviltante que, em dado momento, surgiu em minha mente ainda criança fez com que eu rejeitasse tais apresentações, pois fui compreendendo que por trás destes grupos culturais existem pessoas lindas, resistentes, em sua maioria carentes, que se condicionaram a ter luz apenas em datas especiais.

No restante do tempo são esquecidos e marginalizados; e isso sempre me revoltou, já que são na realidade a representatividade da história de um povo, uma cidade, uma civilização.

Desculpem o desabafo, mas é que recebi um belo vídeo do grupo os guaranis de Itaparica e, afinal, o Sete de Janeiro está chegando e, mesmo não querendo, as lembranças brotam sem pedir licença, pensando nas muitas dificuldades que os mesmos já vivenciaram, jamais sendo prioridade nas ações sociais e, muito menos, jamais houve um real interesse por parte não só das gestões como da sociedade local em agrega-los verdadeiramente ao âmago social e educacional de qualquer amparo maior.

Penso que preservar a cultura nada tem com mantê-la aprisionada e refém de um atraso cidadão histórico, pois como afirmei anteriormente, atrás de um índio ou de uma baiana com seu samba de roda, existe um ser humano também ávido por se sentir existente o ano inteiro e não apenas em épocas pontuais, como espetáculo turístico e atração em solenidades de cunho político.
Estátuas em gabinetes, carroças e emblemas não são sustentáculos da dignidade daqueles que se esforçam em manter vivas as tradições

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