terça-feira, 2 de outubro de 2018

VERDE E AMARELO


Eu vivi o antes e o durante da ditadura do seu início ao seu fim, assim como conheci de perto e na pele os efeitos de ferir os seus princípios e, apesar disso, posso garantir que mesmo não sendo o ideal sonhado, foi um tempo onde a juventude verdadeiramente foi feliz, pois éramos livres para criar todas as maravilhas que hoje, a juventude tenta conquistar ou usufruir, sem, no entanto, terem a real liberdade para tal.
Éramos setenta milhões de brasileiros, ricos, pobres ou remediados, mas éramos um povo que sabia sorrir, compor belas músicas, vencer grandes campeonatos, voar grandes e deslumbrantes céus, nos palcos do cotidiano.
A política e os políticos sempre foram oportunistas, os militares vigilantes astutos e severos, mas jamais tiveram a audácia de dividirem o país em brancos e negros, héteros e homos, pobres e rico.
As ruas eram parques de diversões a céu aberto, onde as tribos diversificadas faziam suas festas sem cores determinadas, além do verde e do amarelo.
Saudosismo, ora se tenho, principalmente de um tal de respeito e de uma tal de educação familiar que se perdeu, quando, finalmente acreditamos que o vermelho de uma nova bandeira, era igual aos nossos sonhos idealistas infantis de Papai Noel.
Trocamos o direito de ter trabalho pelas migalhas que perpetuam a miséria, os livros e o determinismo das conquistas pelas cotas e pelo despencar da qualidade do ensino, mas acima de tudo, trocamos a grandeza da união de nossa gente, pela imprudência cruel do separatismo.
Trocamos o idealismo político social sempre impulsionador e principalmente livre, pela alienação de propósitos engessados e corroídos pelo tempo e pelos seguidos exemplos de fracasso mundial.
Trocamos a liberdade de ser e de viver pelo caos urbano, o Chopp gelado e o suor tropical nos botecos das esquinas com os amigos, pelo ar condicionado dos impessoais shoppings.
 Fomos consentindo até que como agora, não restando quase nada, nem mesmo a consciência de que erramos, batemos cabeça uns nos outros.
Choro então por mim e por minha pátria, hoje sem bandeira que a represente, sem um povo que a respeite, sem uma juventude que saiba defende-la.
Faltam cinco dias para as eleições e nenhuma real esperança adentra em meu coração, só me restando resistir, a despeito de críticas e ataques das inflamadas e sempre enganadoras, bandeiradas vermelhas.


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