Estou aqui
pensando, como no discurso tudo é possível, até mesmo o mundo das ideias, onde é
possível devanear, fazendo ilações sobre isto ou aquilo, afinal, não há um
compromisso real consciente de quem o faz ou de quem escuta, restando um efeito
de impacto que a depender do grau de convencimento de quem o faz, transforma-se
em verdade suprema a ser atingida, vindo a decepcionar no decorrer do tempo frente à não concretização das promessas, no seu todo ou em parte.
Tem sido
assim, caso contrário seríamos uma nação exemplo para o restante do mundo, já
que seríamos um povo sério, ético, educado e jamais dado a qualquer ato que
pudesse colocar em risco o bem comum.
Seríamos, na
grande maioria, cidadãos ansiosos no conservadorismo dos ganhos sociais e, acima
de tudo, cercados do amparo da clareza de propósitos em qualquer área que nos
encontrássemos da convivência humana.
Na realidade,
somos uma plateia viciada a escutar promessas e absolutamente dependentes de
sonhos e ilusões que nos pareçam mais próximos de nossos interesses pessoais.
Somos
derradeiramente escravos do poder que exercem sobre nós, os mais vivos e astutos
ao sacudirem seus sacos de areia dourada, e nós nos induzimos por total preguiça racional a
acreditar tratar-se de pó de ouro.
E com o
velho e costumeiro ouro de tolo com o qual vivemos é que também acreditamos
que com o próximo será melhor, e a esta motivação psicoemocional, chamamos de “esperança”,
desde 1500, quando a terra bendita foi descoberta.
Foi mesmo nessa
data?
Há quem
garanta que Colombo veio antes.
Falta-me
otimismo?
Não, apenas descrença e, provavelmente, muito cansaço de ouvir a mesma ladainha a cada
quatro anos, e que agora virou novamente cinco, quase nada de realmente
transformador enxergar acontecendo.
Talvez,
enjoo de constatar com muito pesar a quase total falta de reconhecimento por
parte das pessoas, do belo, do simples e do real, que existem também em qualquer
local, produzidos também por pessoas verdadeiramente, simples, belas e reais, mas
que a ignorância, a inveja e a pobreza de propósitos não consegue enxergar.
Em minha
imensa ignorância existencial, arrisco-me a começar a acreditar porque PLATÃO optou pelo mundo das ideias.
Afinal,
existem ângulos mais cômodos para se focar os olhos, a mente e a alma.
Neste exato
instante, foco nos pássaros, no farfalhar dos coqueiros, induzindo-me a
acreditar que viver é simples, belo, afugentando o real, justo porque é mais
cômodo fechar os olhos para o tudo devastador e nada realmente humano com o qual convivo e finjo, então, não ser responsável.
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