Neste final
de segunda-feira santa, sentadinha em minha sala, tendo como cenário diante de
mim o entardecer, penso no meu Brasil, em minha Itaparica, penso
principalmente, na imensa incapacidade de comunicação, mesmo em uma época em
que não faltam os meios para que ela seja, rápida, precisa e extremamente rica
de conteúdo e, no entanto, a cada dia, estamos abreviando as relações, tal qual,
fazemos com nossas escritas online.
Venho
percebendo e confesso um pouco assustada com os futuros resultados que se delineiam
tenebrosos, que a cada instante, menos somos capazes de interpretar as falas e
intenções do outro e naturalmente, menos nos fazemos entender, como se nossa língua
fosse se alterando e se tornando estrangeira ou coisa parecida.
Concomitantemente,
também venho percebendo um distanciamento, como se houvesse uma linha fina,
invisível, mas resistente e que não permite um maior aconchego de emoções,
permanecendo todos meio que isolados em seus mundinhos fragilizados, num medo
silencioso de uma maior aproximação.
Olho lá
fora, porque algo está me fazendo falta e então, percebo que são os cantos dos
passarinhos que neste horário, deveriam estar se despedindo de mim com uma deslumbrante
sinfonia de boa noite, que me faz querer que um novo amanhecer chegue logo, só
para novamente, poder revê-los em uma sempre surpreendente, sinfonia de bom
dia.
Volto a
pousar os meus olhos nas teclas do computador e posso ouvir uma estridente
cigarra, que prefiro acreditar que veio em meu socorro, trazendo consigo,
alguns pássaros que possivelmente estivessem encantando à outros pelo caminho,
atrasando assim, suas tão por mim, desejadas presenças.
Vez por
outra ela se cala, deixando aos pássaros a tarefa de encantar-me e quando
retorna, absorve o espaço, tornando-se solo perfeito deste colóquio amoroso,
entre eu e a natureza, num bailado emocional de vida, amor e liberdade.
Penso que
estamos mais pobres, menos inteligentes, mais arrogantes e mais absurdamente
desconectados com a vida que, afinal, renasce a cada instante à partir de cada
um de nós, na medida em que somos capazes de interagir com o tudo do todo, num
ciclo ininterrupto de vida e é preciso que consigamos estreitar a nossa
comunicação, para que o nosso universo pessoal se torne também a cada instante,
uma sinfonia universal.
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