Como de
hábito, estou ao pé da mangueira, conversando com o universo e sentindo toda a
força energética que ela possui e que generosamente me oferece e,
inevitavelmente, aliso uma das folhas do cipó-Imbé que, não menos poderoso, serpenteia
pelo seu grosso caule se perdendo entre os muitos galhos ao ponto de não mais vê-lo,
embuçado à copa gigantescamente espessa.
Neste
encontro sem hora marcada, mas pelo menos semanal, peço socorro quando preciso,
explano minhas mais recentes ideias, relembro velhos episódios, ora desejando repeti-los,
ora tentando esquecê-los, num exercício contínuo desta sólida parceria que, aos
olhos desconhecedores, pode até parecer loucura, mas para nós, já tão integradas,
são conversas amenas de apenas grandes amigas.
Neste
momento, como em tantos outros, tento abraçar minha velha mangueira, num
impulso alegre por me sentir feliz, percebo sorrindo que me é impossível e,
então, fecho os meus olhos e te sinto em meus braços robusta e faceira.
Sem palavras
que possam definir tamanho prazer, olho ao redor como mil vezes já o fiz e me
sinto em casa, acolhida e amparada. Bendita mangueira que ouve o que falo, bendito
senso de pertencimento que se reforça em mim.
Que neste
início de Outono, o calor do verão permaneça e os aromas da primavera os invadam
para quando o inverno chegar, as lareiras da esperança se acendam e, assim, não
dar espaço à solidão...
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