Que me
perdoem os simpatizantes e, até mesmo, apaixonados pelo atual carnaval brasileiro,
pois particularmente estou feliz que ele esteja chegando ao fim. Bem, claro que
não me refiro aos blocos de bairro, as festas pontuais onde há desfile e
verdadeira tradição que antecedem à Quaresma. Refiro-me ao comércio que chamam
de “carnaval alegre e organizado” e que na realidade trata-se de instigadores
da insensatez, alienação e do atordoamento que as pessoas sentem por elas
mesmas, pois se lançam como alucinadas, induzidas pela certeza de que no
carnaval podem finalmente se liberarem, fazendo tudo quanto suas frustrações
imaginativas foram capazes de armazenar.
Ufa! Sei que para um mundão de gente não passo
de uma idiota fundamentalista retrógrada, mas estou apenas exercendo o meu
também direito de dizer e escrever o que creio ser a minha visão pessoal,
afinal, será que o politicamente correto só dá direito a sorrir, concordar e se
calar frente às revolucionárias posturas progressistas, onde liberar-se de tudo
virou costume?
Ah! Confesso
que estou enfarada de ter que engolir o fel do que me afronta, ou que ainda não consigo compreender
e assimilar só para não ser desagradável, ou o que é pior, condenada. Para mim,
o carnaval de modo geral transformou-se em palcos apocalípticos, onde o vale
tudo também é regra geral.
Não sou
capaz de enxergar qualquer sentido numa festa que para ser considerada sucesso,
precisa que as pessoas violentem a si mesmas em demonstrações melancólicas de
explicitude pessoal, tendo como incentivo as drogas, o álcool e o ensurdecedor
barulho de trios elétricos, tirando delas qualquer resquício de respeito
próprio e ética postural.
As Tevês e a
internet vão registrando os grandes momentos que chamam de apoteóticos e, na
maioria deles, tudo que se vê são pessoas estranhas, se esbarrando e se
esfregando nos suores um dos outros, nas trocas de beijos, sem que se tenha
qualquer noção de preservação pessoal e nas demonstrações de sexo explícito nos
guetos, escurinhos das esquinas e becos.
Tudo me
parece assustador, um “Inferno de Dante” Tupiniquim, que rende muito dinheiro,
assim como infindáveis mazelas, nas quartas-feiras de cinzas, nas contagens
pessoais.
Minha
aversão é tão explicita que chego a sentir o cheiro repugnante da mistura dos
perfumes baratos com os suores e a cerveja, isto, sem mencionar o odor dos
xixis que se espalha fazendo feder ruas e avenidas.
Reconheço
que em uma época do “Politicamente Correto”, eu deveria no mínimo me calar e
sorrir, achando tudo uma maravilha, mas não posso, afinal, se é dado o direito
às pessoas de trazerem para a minha vida suas verdades pessoais, fazendo delas
espadas ancoradas por leis, onde por proteção pessoal, sou obrigada a achar
normal, creio que também posso defender o meu direito de enxergar no carnaval
uma grande putaria, onde a liberdade de ser e de querer, foi substituída pela
libertinagem de se fazer loucuras, amparadas
e aplaudidas por uma sociedade perdida e totalmente confusa, que foi
abrindo portas às concessões aqui e acolá
e que agora se vê esmagada e sem saída em meio a milhares de inversões
de pequenos, mas valiosos, valores que preservavam a família e a educação como
pilares de suas culturas e passadas progressistas.
Fomos
permitindo a troca irracional do certo pelo duvidoso e ao invés de irmos
alterando, mas conservando as raízes, como sempre a humanidade fez ao longo de
sua história, optamos pela ruptura dos valores e tradições sem que tivéssemos
qualquer noção dos rumos que estes novos caminhos que estávamos traçando nos
destinariam.
Penso que as
mazelas que nós brasileiros estamos vivenciando e nos escondendo sobre os reflexos
brilhantes das luzes e dos sons alucinantes, são, tão somente, a somatória das inconsequências
em ir aceitando tudo, como se maravilhosa modernidade sem quaisquer limites
fosse, abrindo assim as porteiras de um inferno social que vivenciamos a cada
instante de nossas vidas, seja nas grandes capitais ou nas mais reduzidas e remotas
cidades do interior.
O carnaval
depravado é só mais uma expressabilidade do caos apocalíptico em que
transformamos a nossa sociedade, onde tudo é normal e o politicamente correto é
engolir em seco, sorrir e aceitar.
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