São cinco e
trinta da manhã e o dia ainda parece que está dormindo.
Apenas parece, pois na realidade um novo dia
já despertou há algum tempo e sei disso através do galo, dos pássaros e, se não
bastassem, dos meus cães que possuem despertadores biológicos infalíveis que
insistem em me tirar da cama às quatro da manhã.
Não estou
reclamando, de jeito nenhum, apenas relatando esta minha rotina que, na
realidade, pela sua naturalidade e também com a imensa suavidade que sempre se
apresentou foi determinante, sem dúvidas, por toda a qualidade dos meus restantes de dias,
mesmo aqueles em que os problemas, as dúvidas, as perdas, as frustrações se
fizeram presentes.
Então,
sozinha com o universo, neste demorado amanhecer de sexta-feira, ouvindo a
chuva insistente caindo lá fora nas folhagens, e ainda sentindo o aroma gostoso,
que sempre amei de terra molhada, penso no quanto a força energética de nossos
pensamentos influenciam nossas relações interpessoais, criando inclusive
blindagens invisíveis, mas poderosas, que como aço reforçado, impedem que
nossos dias sejam atingidos pelos meteoros sistêmicos que desgovernados, quando
nos atingem, abrem crateras de dor, incapazes de serem tratadas, quanto mais
sanadas.
O milagre de
um simples sorriso, com certeza, tudo muda ao nosso redor, mas quando falamos
ou escrevemos, alguns dizem tratar-se de bobagens, autoajuda filosófica sem
qualquer utilidade prática no cotidiano.
Será mesmo,
ou apenas criaram-se retóricas, tipo:
“A vida é
assim”, e nos conformamos a remar contra a maré, como se este exercício
contínuo até mesmo aos atos mais banais deva ser nossa sina existencial?
A vida
quando bem observada, nada tem de cobradora ou madrasta, na realidade ela é o
ideal a ser seguido, mas que a verdade seja dita, quem admite ter tempo para se
dedicar à vida?
E neste
desencontro de ideias e ideais, nos chocamos abruptamente por todo o tempo com
o óbvio que abusado se mantém diante de nós e que atrevido na sua originalidade
nos mostra por todo o tempo que a vida é simples, viver mais simples ainda e
que manter-se harmonizado à vida é só uma questão de escolha, tais quais as
numerosas outras escolhas que nos dispomos a cada instante.
Mas aí, se
tiramos de nós o brilho falso das dificuldades, apagamos os reflexos de nossas
glórias pessoais, deixando cair por terra nossa absurda vaidade, sobrando, tão
somente, a mais simples das certezas, que verdade seja também dita, que quase ninguém está preparado a admitir,
porque, afinal, sentir-se em paz, pode parecer cafona, mico sistêmico, coisa de
gente à toa ou fracassada.
Coisa de
gente que não tem o que fazer, pouco ocupada, com tempo ocioso, afinal, não se
pode dar tempo ao tempo, pois precisamos fazer dele a todo instante nosso mais
cruel carrasco, nossa desculpa predileta para justificar toda a nossa
insanidade em atropelarmos a vida sem qualquer noção da nossa própria vida.
O dia
finalmente clareou, a chuva, agora, parou de cair e os pássaros mais ariscos
estão mais próximos, bailando com a vida, nesta adorável manhã.
E eu ainda,
somente com o universo, sinto fominha e vou tomar café.
Um beijo
carinhoso em todos que me leem, porque, afinal, escolhi não dar atenção ao
tempo e, tão somente, viver a vida.
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