Hoje acordei um pouquinho mais tarde e consequentemente perdi o espetáculo a cada dia inédito de um novo amanhecer, mas ainda posso aproveitar o restinho de quietude junto a alguns pássaros que, como fiéis escudeiros, aguardaram o meu despertar.
Ao longe também posso ouvir muitos outros, assim como posso sentir certo penetrante aroma de mangas.
Mangas em agosto?
Pois é... Desde ontem, sinto esta delícia, apesar de minha mangueira estar absolutamente no rigor da temporada de inverno.
Que coisa, hein!!!!
Penso então que deva vir da mangueira de algum vizinho ou quem sabe de minha memória gustativa. E por falar em memória, volto a me questionar quanto ao desinteresse que percebo em mim quando o assunto é política e as próximas eleições.
Busco na memória o meu prazer e o entusiasmo sentido em outras épocas, onde não existia qualquer sentido de enfado ou cansaço e onde a alegria me dominava e, absolutamente apática, hoje me vejo quase que indiferente ao processo, e isto tem me incomodado muitíssimo, pois acredito sinceramente que este sentimento de participação que percebo adormecido, sempre me foi salutar e me dava à oportunidade de me sentir participante de um processo no qual eu sempre acreditei e que é justo, a disputa democrática.
Confesso que estou sem tesão, sem visão e sem emoção, e esta constatação faz doer, assim como percebo à minha volta e mesmo mais além, através das redes sociais e mídias em geral, que, assim como eu, quase todo restante das pessoas deste meu país varonil, de alguma forma, também se encontra mais ou menos como eu, no mínimo meio que anestesiados.
O sistema de fazer política partidária mudou ou eu é que, finalmente, perdi a ingenuidade e hoje enxergo o processo tal qual ele se apresenta, frio, calculista e repleto apenas de interesses pessoais, sob a batuta de uma ou mais siglas, mas onde motivações como, por exemplo, idealismos, sentido de pertencimento cívico, não estão presentes. ,
Acabo de perceber que o sol regenerador, mas ainda tímido, chegou e, como sempre, trazendo com ele, vida. Penso, então, que é deste sol regenerador que preciso para adquirir forças interiores que me impulsionem a voltar a sentir aquele sentimento esperançoso em relação ao amanhã, pois, ainda existe dentro de mim, raios fracos de esperança, porque, afinal, o cenário que enxergo é feio, sem graça e pernicioso.
Agarro-me à sensibilidade que me estrutura como num estado se estivesse em um estado interessantemente indefinido, ficando apenas com a inspiração do sorriso de uma criança, meio único de permanecer imune à brutalidade social que me cerca para ainda poder enxergar a luz de um sol, mesmo que fraco do inverno, no fim do túnel, para sentir o doce aroma das mangas em meio ao lixo de um sistema corroído e desumano.
Constato que a morte de Eduardo Campos despertou em nós a conscientização de que mudar é preciso e expressamos este despertamento através de um reconhecimento a um político desconhecido da grande massa e até da mídia, destacando-o folcloricamente, devido à tragédia que se abateu sobre ele, como um símbolo da renovação que se faz necessária.
São sete horas da manhã, bom dia a todos que me leem.
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