quarta-feira, 13 de abril de 2011

TOLERÂNCIA GENEROSA

Ontem, fui dormir muito tarde e enquanto rolava na cama, buscando o bendito sono que o meu vizinho insistia em afastar com o seu som alto, pensei no quanto pode ser difícil uma convivência.

No quanto se torna necessário buscar-se o equilíbrio interior, a razão consciente e o amor que a tolerância generosa faz crescer dentro de cada um de nós.

Alguns dirão:

- O que o amor tem a haver com a tolerância generosa?

Creio que tudo, afinal, quando desenvolvemos a tolerância, automaticamente estamos fazendo um exercício duplo de amor, primeiro a nós mesmos, e depois ao foco a ser tolerado, lançando, sobre ele, toda a nossa capacidade respeitosamente compreensiva, frente ao entendimento de que no mínimo estamos diante de um ser ignorante, incapaz de perceber a extensão de sua total inadequação.

Continuarão a dizer:

- Não seja ingênua, as pessoas sabem quando estão invadindo o direito alheio.

Concordo, entretanto, se ainda assim o fazem é porque não conseguem mensurar suas próprias inadequações em relação a si mesmas e, como idiotas existenciais, expõem-se muitas vezes por nada, correndo riscos desnecessários, já que no seu cotidiano, certamente, devem existir outros tão ignorantes quanto ele.

E aí, bem... tudo pode acontecer.

Não é mesmo?

Pois é, fiz o meu exercício de amor generoso ontem e, agora, aqui bem quietinha, pois a peça rara parece que ainda dorme, penso que talvez, em um rasgo de sorte, ele decida ler um livro, beijar na boca, ir a um barzinho, quem sabe sair com um novo bofe, se é que tem alguém que queira este traste e, quem sabe, me deixe dormir mais cedo nesta noite de quarta-feira.

Penso, ainda, que se nada disto acontecer e eu tiver que novamente rolar na cama, que pelo menos ele não me faça ouvir os tais arrochas da vida que ele parece adorar.

Que se inspire em algo melhor para exercitar sua ignorância sistêmica, seu apagão mental, sua abestalhação intelectual, porque afinal, generosa eu sou, mas meu ouvido não é pinico para ser depósito da merda alheia.

Que coisa, heim!

E eu ainda escrevo que viver é fácil!

Vai nessa, vai...

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