Eu só tinha
14 anos quando aconteceu a intervenção militar que insistem em chamar de
ditadura.
Não li nos
livros, não aprendi com nenhum professor, porque eu estava lá, no coração do
Rio de janeiro, tendo como vizinho mais próximo, Zuzú Angel e pude ver de perto
a dor de uma mãe desesperada, assim como do Dr. Alex, que mudou-se rápido do
prédio onde eu morava , deixando em nossa porta uma mala com um bilhete, onde
se desculpava e pedia que déssemos fim a aqueles livros lá armazenados.
Vi pela TV,
a cavalaria dispersando na Av. Rio Branco os manifestantes e sinceramente, mais
nada. Sabíamos que Castelo Branco havia assumido a presidência e durante muito
tempo, em várias ocasiões eu o encontrei caminhando as seis horas da manhã com
o então Marechal Eurico Gaspar Dutra, na rua Aníbal de Mendonça, tendo como
segurança, apenas um carro preto com o seu motorista, cumprimentava a todos de
forma cordial e jamais assisti ou soube de alguma alteração naquela tranquila
rotina, onde certamente articulavam estratégias políticas.
Mais adiante,
trabalhei no Diário de Brasília, jornal de Minas e Diário de Minas sem qualquer
problema relativo aos militares.
Fiquei cinco
anos afastada de qualquer meio de
comunicação, não por censura ou repressão do atual governo, mas porque
briguei publicamente com o dono de um dos jornais. Era um tempo machista, onde
mulheres determinadas, sofriam pressões e retaliações e o referido “poderoso”, a
quem mais adiante arrependido, tornou-se um amigo a quem devo inúmeros favores,
naquele momento, cuidou para que eu fosse calada, utilizando-se de capangas
pessoais e intimidações.
Pois é, às
vezes, mesmo naquela época coisas assim aconteciam, surpreendendo-me.
Penso então,
que a história foi reescrita com pinceladas de terror, que na verdade existiram
nos porões das delegacias, mas somente com todo aquele envolvido com um comunismo,
disfarçado de socialismo que roubava, matava e acreditava que os meios
justificavam o fim.
Bem, o
propósito desta minha narrativa é tão somente para deixar claro que
pessoalmente, não creio que se deva mexer mais no passado, no mínimo em respeito
aos ainda meninos e meninas que foram aliciados em uma ideologia mentirosa e
tombaram pela ingenuidade de suas inexperiências de todas as naturezas, não só
política como da maldade humana.
Reparem que
as cobras já criadas, estão bem fortezinhos e ainda recebendo pensão pelos
danos que não sofreram e insistindo no recrutamento de mais jovens nas
universidades em prol de uma luta que garanta a eles o retorno ao poder.
Respeitemos
portanto, os meninos e meninas que aderiram apaixonadamente uma guerra que
verdadeiramente acreditavam ser a favor da pátria e paremos com este horror em
demonizar as forças armadas no cumprimento de suas atribuições e de usarem sem
qualquer ética as mortes e desaparecimentos de jovens que não tiveram a chance
de uma vida longa, como a maioria dos líderes esquerdista da época que
incansáveis em suas alucinações de grana e poder, insistem em destruir o nosso
Brasil.
Durante
dezesseis anos estiveram no poder, tapearam com algumas ações ditas sociais,
iludiram as pessoas dando-lhes um crédito capenga para compras desmedidas,
quando na realidade deveriam ter recebido educação de qualidade para buscarem suas
benécias pessoais.
A maioria que
fala em ditadura, jamais leu um relato do que seja uma desgraceira ditadura de
verdade. E quem os induz a gritar tantas asneiras, bem conhece e foge delas,
apenas se utilizam das mesmas para esconderem suas fortunas roubadas dos cofres
públicos brasileiros.
Creio que
nada temos a comemorar depois de quase três décadas, apenas lamentar que os militares
tenham aberto espaço para que os ratos saíssem dos porões.
Não sou de direita e nem de esquerda, apenas uma cidadã narrando sua própria experiência.
Hoje, aos 69
anos, reconheço que fui feliz e livre numa época que dizem ter sido de chumbo.