Raras foram
as vezes em que me atrevi a falar ou escrever diretamente sobre os direitos das
mulheres ao longo de minha vida, fosse de forma profissional ou não, justo por
não me enxergar nos estereótipos apresentados.
Afinal, até há
alguns anos passados a figura, a princípio, da mulher era sensibilizada na
imagem da mãe, educadora e provedora da sustentabilidade emocional do lar,
boneca enfeitada ou escrava sofredora.
Depois, mais
adiante, numa metamorfose gigantesca, ela passou a ser idealizada através de um
modelo de uma criatura incisiva, competitiva e totalmente liberada, dando-se ênfase
à sua sexualidade como bandeira de combate em busca de uma igualdade, exaltadamente
liberada, sem qualquer resguardo de limites especiais em relação às suas especificidades
físicas e emocionais.
A imagem da
nova mulher passou a ser a de uma guerreira destemida, capaz de romper
barreiras limitadoras e caminhar lado a lado de um homem ou só, fosse aonde
fosse, e isso, num comparativo que, eu, por entender que para tudo na vida é
preciso a presença do equilíbrio, da razão e do amor, deixa de ter lógica que
se coadune com a realidade genética e social e, ao mesmo tempo, foi havendo uma
desqualificação daquelas mulheres que, ao lado de seus homens, souberam construir e manter suas famílias, muitas vezes
ajudando com recursos financeiros, oriundos de trabalhos extras na manutenção
de suas vidas.
Desde o
início, senti um descompasso entre o desejado teórico e a dura realidade da
prática social de nosso país, acreditando que liberdade e respeito se adquirem através
dos comportamentos sólidos que vamos desenvolvendo ao longo de nossa formação
mental e emocional, que nos era oferecido pelas mulheres que hoje são
consideradas retrógadas e fora de moda.
O que venho
observando nestes anos benditos de vida é que estamos como baratas tontas,
batendo nossas cabeças, ferindo nossas naturezas, expondo e alterando nossos
corpos, numa luta com muitas siglas e muito pouca sensibilidade em relação ao
fato real de que somos diferentes em tudo por tudo do homem e o que nos
qualifica em primeiro lugar é a nossa vontade própria em lutar com sabedoria,
sensibilidade e competência, predicados que nos caracterizam na conquista dos
direitos não necessariamente iguais aos dos homens, mas que satisfaçam as
nossas necessidades enquanto pessoas e cidadãs.
Mas, se não há
parâmetros diferenciados que inspirem, aonde pelo amor de Deus, encontrar-se-ão
traços de caminhos coerentes onde a integridade de pessoa mulher ou homem seja
mais forte que qualquer provável adversário, carrasco ou explorador?
Portanto,
continuo não sabendo e, até mesmo nos dias atuais, temendo escrever sobre nós
mulheres, sempre lindas, gostosas, maternas, doces e bravas, num constante
misto de vida completa que tão bem representamos.
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