sexta-feira, 8 de março de 2019

SOBRE AS MULHERES



Raras foram as vezes em que me atrevi a falar ou escrever diretamente sobre os direitos das mulheres ao longo de minha vida, fosse de forma profissional ou não, justo por não me enxergar nos estereótipos apresentados.
Afinal, até há alguns anos passados a figura, a princípio, da mulher era sensibilizada na imagem da mãe, educadora e provedora da sustentabilidade emocional do lar, boneca enfeitada ou escrava sofredora.
Depois, mais adiante, numa metamorfose gigantesca, ela passou a ser idealizada através de um modelo de uma criatura incisiva, competitiva e totalmente liberada, dando-se ênfase à sua sexualidade como bandeira de combate em busca de uma igualdade, exaltadamente liberada, sem qualquer resguardo de limites especiais em relação às suas especificidades físicas e emocionais.
A imagem da nova mulher passou a ser a de uma guerreira destemida, capaz de romper barreiras limitadoras e caminhar lado a lado de um homem ou só, fosse aonde fosse, e isso, num comparativo que, eu, por entender que para tudo na vida é preciso a presença do equilíbrio, da razão e do amor, deixa de ter lógica que se coadune com a realidade genética e social e, ao mesmo tempo, foi havendo uma desqualificação daquelas mulheres que, ao lado de seus homens, souberam  construir e manter suas famílias, muitas vezes ajudando com recursos financeiros, oriundos de trabalhos extras na manutenção de suas vidas.
Desde o início, senti um descompasso entre o desejado teórico e a dura realidade da prática social de nosso país, acreditando que liberdade e respeito se adquirem através dos comportamentos sólidos que vamos desenvolvendo ao longo de nossa formação mental e emocional, que nos era oferecido pelas mulheres que hoje são consideradas retrógadas e fora de moda.
O que venho observando nestes anos benditos de vida é que estamos como baratas tontas, batendo nossas cabeças, ferindo nossas naturezas, expondo e alterando nossos corpos, numa luta com muitas siglas e muito pouca sensibilidade em relação ao fato real de que somos diferentes em tudo por tudo do homem e o que nos qualifica em primeiro lugar é a nossa vontade própria em lutar com sabedoria, sensibilidade e competência, predicados que nos caracterizam na conquista dos direitos não necessariamente iguais aos dos homens, mas que satisfaçam as nossas necessidades enquanto pessoas e cidadãs.
Mas, se não há parâmetros diferenciados que inspirem, aonde pelo amor de Deus, encontrar-se-ão traços de caminhos coerentes onde a integridade de pessoa mulher ou homem seja mais forte que qualquer provável adversário, carrasco ou explorador?
Portanto, continuo não sabendo e, até mesmo nos dias atuais, temendo escrever sobre nós mulheres, sempre lindas, gostosas, maternas, doces e bravas, num constante misto de vida completa que tão bem representamos.


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