Nada se equivale
mais que um mal-estar profundo para nos remeter à conscientização da inutilidade
de nossos palpites em relação a algumas situações do mundo vivencial.
De repente,
tudo perde o sentido, tudo se torna uma repetição cansativa, inútil, e a nossa
imagem conclusiva que nos caracteriza se funde a um emaranhado de conclusões
alheias, sem que seja possível vislumbrar uma luz no fim do túnel, e a isto,
chamo de prioridade, afinal, sem hipocrisias, é preciso que reconheçamos que
somos mais importantes que qualquer ato heroico ou desavergonhado que qualquer
criatura humana seja capaz de produzir em seu campo pessoal de atuação.
E como tudo
que fazemos, pensamos e dizemos, inexoravelmente a política está inserida,
mesmo que sequer saibamos a sua definição; concluo que, não sem dor na alma que
se reflete no físico, o que nos representa no cenário, seja político, jurídico
ou empresarial, é tão somente nossa imagem e semelhança.
Somos um
povo sem entranhas de pertencimento, repleto de paixões passageiras, incapaz de
planejar futuro, resguardar passado, preferindo adaptar-se ao presente.
Em dado
momento da história da construção política de nosso país perdeu-se o fio da
meada, e com ela, todos os parâmetros reais que pudessem representar um norte
que fosse no mínimo coerente e decente a um bem comum, e como uma construção
feita de puxadinhos, jamais conseguimos imprimir uma arquitetura que tivesse
personalidade definida, ficando tão somente seus observadores como críticos
alienados, palpiteiros sem compromisso com uma fundação pra lá de improvisada.
Não há visão
de todo, e nessa confusão arquitetônica emitimos os nossos pareceres a respeito
deste ou daquele construtor, crendo que, como salvadores, garantirão nossas
parcas acomodações, a despeito de suas qualificações.
Somos um
povo medíocre em nossas aspirações, ingratos frente as riquezas que possuímos
como herança, e totalmente incapazes quanto ao reconhecimento de nossa própria
ignorância em crer que somos espertos e que esta esperteza é um reflexo de
nossa inteligência.
Ledo engano
que as sucessivas decepções nada nos ensinaram. Falta-nos o devido
comprometimento com a nosso próprio bem-estar, no reconhecimento do que sejam
direitos e deveres em cada universo pessoal que estejamos crendo infantil ou
idiotizadamente que nada é de nossa direta responsabilidade, permanecendo cada
um de nós como sujeito crítico sem qualquer lógica que faça sentido, numa demonstração
primária de nossa total falta de educação espacial.
Deixamos inconsequentemente
o nosso barco à deriva ao ponto de nesse momento crucial em que estamos a um quase
inevitável naufrágio, desesperados, e sem mesmo entendermos os porquês, buscamos
soluções de salvamento incompreensíveis aos olhos do bom senso, resgatando como
boias de salvação velhos marinheiros, tão ineptos e imediatistas quanto nós,
forçando assim uma volta aos velhos hábitos de uma inútil vida de apenas
aparência.
Mas que sou
eu...
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