Hoje, ao
contrário da maioria de meus dias, estou escrevendo à noite ao som do farfalhar
dos coqueiros, nesta noite fria de final de julho, pois no mais o silêncio é
absoluto.
Sei bem
porque quero escrever, mas o bom senso e a prudência me faz escolher as
palavras e isto não é nada bom, pelo menos para mim que procuro sempre
expressar meus sentimentos num bailado livre como as folhas dos coqueiros
acompanhando o ritmo dos ventos marinhos.
Tiro as mãos
do teclado do computador e seguro com ambas a minha cabeça, num autoconsolo,
quase que sentindo pena desta pobre culpada escrevinhadora que vê sua ânsia em
dedilhar suas impressões sobre tantas coisas, mas se sente tolhida,” ilhada,
morta e amordaçada”, tal qual afirma uma certa música de Raimundo Fagner.
Sei bem que
quero escrever e não sei bem porque me calo, já que sinto existir em mim um
misto de dor e desesperança, uma vontade louca de sair gritando ao mundo,
minhas palavras de protesto, revolta natural de um alguém já no caminho do fim,
sem ter qualquer esperança de pelo menos enxergar, um facho sequer de luz no
fim de um túnel, chamado sistema.
Os atores e
os cenários mudam, mas o roteiro, no entanto, é sempre o mesmo, repleto de
falas falaciosas e de emoções encomendadas e eu, plateia patética, vez por
outra aplaudo, num mecanismo demente.
Não sei bem
de mais nada, só sei que cansei.
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