Estou aqui
neste amanhecer pensando na superficialidade das relações humanas no cotidiano
e me questiono no quanto esta postura tem sido responsável pela crescente
violência que vem assolando de forma cruel a criatura humana em seu habitat e
as vidas no planeta em seu todo.
Este tema,
certamente poderia se transformar em uma riquíssima tese de doutorado, todavia,
na simplicidade de meus recursos acadêmicos, estou limitada ao meu senso
crítico em comunhão ao sempre hábito de observar tudo e a todos, num exercício
em busca de uma compreensão maior da existência, afora o que me foi ensinado
pelos meios religiosos de que se existo, foi por vontade de Deus.
O mesmo Deus
que dá é o que tira, seja a vida, a alegria, a disposição, os ganhos e as
perdas de quaisquer naturezas e por sempre achar esta explicação muito medíocre
para a atuação de um Deus criador que na realidade o transforma num mero
ditador, faço então, desde sempre, o caminho inverso, acreditando que a
existência dos seres vivos tenha uma conotação mais responsável, criativa e autônoma.
Confesso que
esta crença pessoal de que o Deus no qual acredito é na realidade como um pai
orientador e que sua presença constante em nós depende unicamente da afinidade
que se desenvolva também desde sempre em nossos cotidianos de pensantes humanos,
dá-me uma sensação extremamente agradável de plena liberdade, fazendo de mim,
não uma filha acorrentada à vontade de um pai déspota, mas oferecendo-me a
satisfação de tê-lo como um mentor experiente, um parceiro amigo.
Não posso
trata-lo com a superficialidade de um simples gerador de vida e tão pouco
creditar a ele minhas perdas e fracassos, assim como não é justo tirar de mim
as conquistas, levando-me a esquecer o meu profundo empenho para consegui-las.
Que pai, meu
Deus, seria se me desse vida e livre arbítrio e, em seguida, me sufocasse com
apenas a sua vontade, tirando o mais precioso atributo do raciocínio logico que
é justo a escolha.
Acordamos e
adormecemos fazendo opções, e uma delas tem sido fugir de nossas
responsabilidades, buscando consolo no pai Deus, atribuindo à sua vontade,
nossas mais absurdas escolhas, e assim, tirando por covardia que se tornou
banal, o peso da responsabilidade de nossos atos, numa superficialidade
sistêmica assustadora que vem se traduzindo em catástrofes e desmandos perante
os céus, desde que seu poder criador nos fez existir e a capacidade de raciocínio,
nos transformou em ignorantes covardes ou gananciosos dominadores.
Penso então,
nesta manhã linda e ensolarada que, nada acontece por acaso, porque, afinal,
tudo acontece por descaso, num ciclo vicioso, absolutamente, superficial e
infeliz.
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