terça-feira, 19 de janeiro de 2016

TUDO SUPERFICIAL


Estou aqui neste amanhecer pensando na superficialidade das relações humanas no cotidiano e me questiono no quanto esta postura tem sido responsável pela crescente violência que vem assolando de forma cruel a criatura humana em seu habitat e as vidas no planeta em seu todo.
Este tema, certamente poderia se transformar em uma riquíssima tese de doutorado, todavia, na simplicidade de meus recursos acadêmicos, estou limitada ao meu senso crítico em comunhão ao sempre hábito de observar tudo e a todos, num exercício em busca de uma compreensão maior da existência, afora o que me foi ensinado pelos meios religiosos de que se existo, foi por vontade de Deus.
O mesmo Deus que dá é o que tira, seja a vida, a alegria, a disposição, os ganhos e as perdas de quaisquer naturezas e por sempre achar esta explicação muito medíocre para a atuação de um Deus criador que na realidade o transforma num mero ditador, faço então, desde sempre, o caminho inverso, acreditando que a existência dos seres vivos tenha uma conotação mais responsável, criativa e autônoma.
Confesso que esta crença pessoal de que o Deus no qual acredito é na realidade como um pai orientador e que sua presença constante em nós depende unicamente da afinidade que se desenvolva também desde sempre em nossos cotidianos de pensantes humanos, dá-me uma sensação extremamente agradável de plena liberdade, fazendo de mim, não uma filha acorrentada à vontade de um pai déspota, mas oferecendo-me a satisfação de tê-lo como um mentor experiente, um parceiro amigo.
Não posso trata-lo com a superficialidade de um simples gerador de vida e tão pouco creditar a ele minhas perdas e fracassos, assim como não é justo tirar de mim as conquistas, levando-me a esquecer o meu profundo empenho para consegui-las.
Que pai, meu Deus, seria se me desse vida e livre arbítrio e, em seguida, me sufocasse com apenas a sua vontade, tirando o mais precioso atributo do raciocínio logico que é justo a escolha.
Acordamos e adormecemos fazendo opções, e uma delas tem sido fugir de nossas responsabilidades, buscando consolo no pai Deus, atribuindo à sua vontade, nossas mais absurdas escolhas, e assim, tirando por covardia que se tornou banal, o peso da responsabilidade de nossos atos, numa superficialidade sistêmica assustadora que vem se traduzindo em catástrofes e desmandos perante os céus, desde que seu poder criador nos fez existir e a capacidade de raciocínio, nos transformou em ignorantes covardes ou gananciosos dominadores.
Penso então, nesta manhã linda e ensolarada que, nada acontece por acaso, porque, afinal, tudo acontece por descaso, num ciclo vicioso, absolutamente, superficial e infeliz.


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