segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

E SE NÃO HOUVESSE O AMANHÃ?


Neste janeiro, aqui pelas minhas bandas um novo galo surgiu, duelando no gogó com aquele velho galo que ouço a cada amanhecer, mas que reside à distância, enquanto, este outro, parece-me vizinho próximo.
Imaginem vocês que em meio a tantas controvérsias políticas e sociais, cá estou eu, tentando identificar de onde vem a cantoria de um novo galo e fazendo deste acontecimento a prioridade de minha atenção.
Que coisa, hein?!!
Pois fiquem sabendo que se eu não tivesse tido um amanhã, de que adiantaria a mim e ao mundo, qualquer maior das minhas atenções, pois o mundo com suas mazelas e grandezas, teria continuado a girar, e eu, teria perdido a oportunidade de buscar o belo que, afinal, nutre a vida e a todos nós, mesmo que sequer tenhamos tempo de priorizá-lo.
Ambos se calaram como uma pausa de partitura, abrindo espaço para outras cantorias que aparentemente parecem iguais a cada amanhecer, mas que na realidade se apresentam lindamente diversificadas como instrumentos variados de uma imensa orquestra, capaz de atrair e inebriar um dedicado ouvinte.
Penso no quanto seria gratificante para a convivência sistêmica e, portanto para a vida, se induzíssemos nossas crianças a desenvolverem seus benditos sentidos, fazendo de cada um, batutas sensíveis que determinariam a entrada harmoniosa de suas próprias emoções.
E aí, provavelmente estaríamos contribuindo enormemente para o equilíbrio pessoal que tanto se busca em versos, prosas e hoje, mais do que nunca, nos consultórios.
Portanto, viva o galo do vizinho que me proporcionou neste amanhecer mais uma agradável conscientização, pois, afinal, comigo ou “sem migo”, a vida sempre continuará e o que me cabe, portanto, é a capacidade de sorvê-la nas suas mais singelas importâncias que, certamente, me oferecerão sensibilidade suficiente para compreender o quanto posso ser útil sem, no entanto, perder as benditas pausas que abrem espaço a novos movimentos da melodia da vida.



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