Neste
janeiro, aqui pelas minhas bandas um novo galo surgiu, duelando no gogó com
aquele velho galo que ouço a cada amanhecer, mas que reside à distância,
enquanto, este outro, parece-me vizinho próximo.
Imaginem
vocês que em meio a tantas controvérsias políticas e sociais, cá estou eu,
tentando identificar de onde vem a cantoria de um novo galo e fazendo deste
acontecimento a prioridade de minha atenção.
Que coisa, hein?!!
Pois fiquem
sabendo que se eu não tivesse tido um amanhã, de que adiantaria a mim e ao
mundo, qualquer maior das minhas atenções, pois o mundo com suas mazelas e
grandezas, teria continuado a girar, e eu, teria perdido a oportunidade de
buscar o belo que, afinal, nutre a vida e a todos nós, mesmo que sequer
tenhamos tempo de priorizá-lo.
Ambos se
calaram como uma pausa de partitura, abrindo espaço para outras cantorias que
aparentemente parecem iguais a cada amanhecer, mas que na realidade se
apresentam lindamente diversificadas como instrumentos variados de uma imensa
orquestra, capaz de atrair e inebriar um dedicado ouvinte.
Penso no
quanto seria gratificante para a convivência sistêmica e, portanto para a vida,
se induzíssemos nossas crianças a desenvolverem seus benditos sentidos, fazendo
de cada um, batutas sensíveis que determinariam a entrada harmoniosa de suas
próprias emoções.
E aí,
provavelmente estaríamos contribuindo enormemente para o equilíbrio pessoal que
tanto se busca em versos, prosas e hoje, mais do que nunca, nos consultórios.
Portanto,
viva o galo do vizinho que me proporcionou neste amanhecer mais uma agradável
conscientização, pois, afinal, comigo ou “sem migo”, a vida sempre continuará e
o que me cabe, portanto, é a capacidade de sorvê-la nas suas mais singelas
importâncias que, certamente, me oferecerão sensibilidade suficiente para
compreender o quanto posso ser útil sem, no entanto, perder as benditas pausas
que abrem espaço a novos movimentos da melodia da vida.
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