O campo era
verde e da espreguiçadeira da varanda, era possível enxergar o pombal, as
muitas árvores que escondiam o riacho que eu amava e que acolhia os meus sonhos
de garota de 10/ 11 anos que por lá permanecia entre as samambaias gigantes, os
respingos gelados da cachoeira e dos seixos rolados através das quais as piabas
bailavam, desenhando em minha imaginação, a inquietude de uma naturalista,
ainda inconsciente.
Guapi era o
meu mundo encantado, meu conto de fadas que eu mesma escrevia entre arbustos,
flores e o cheirinho de terra molhada que transformei em perfume.
Em Guapi,
tudo era mais bonito, mais rico e mais completo, não havendo qualquer dúvida de
que foi o abrigo mais seguro de minha alma infantil.
Quando a
chuva caía e isto quase sempre acontecia nos fascinantes verões, os aromas se
intensificavam e a dança das goteiras por sobre os Cipós- Imbé, simplesmente me
hipnotizavam e então, eu me via fechando vez por hora os meus olhos, tão
somente para apenas sentir a minha Guapi querida, todinha dentro de mim.
Optei em
transformar as flores em bonecas e meu riacho e meus peixinhos em meus
companheiros inseparáveis, levando-os comigo para qualquer lugar, podendo ainda
hoje, enquanto escrevo, sentir todo o frescor de minha Guapi, mesmo que ainda
que maltratada, irradia os seus encantos.
Guapi dos
pássaros cantadores e dos infinitos aromas.
Guapi das águas cristalinas e de um tempo que nunca se foi.
Lembranças
inesquecíveis que se fundiram em mim, tornando-me um ser humano mais feliz.
Lembranças
de minha Guapi e de minha adorável tia Hilda, ambas esculpidas em forma de
vida, que as doces lembranças eternizam.
Guapimirim,
meu pedacinho de céu.
Regina Carvalho
Itaparica-Bahia-04/2015
Itaparica-Bahia-04/2015
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