O dia está começando o seu processo de posse em relação
à noite, e cá estou eu, novamente a postos em pura observação e ao mesmo tempo
esperteza em sugar as seivas de um novo despertar que trás consigo as vibrações
de que tanto necessito, a fim de fortalecer mais e mais, os laços afetivos com
a vida e com o tudo mais que dela se ressalta.
Ao longe fico observando o canto dos
sabiás, que como se fossem guias, vem trazendo consigo uma infinidade de parceiros
que abusadamente em coro, vem adentrando nos jardins com seus sons, muitas
vezes em algazarra, acordando os mais sensíveis aos movimentos do universo.
Não mais que alguns segundos se
passam e já posso ver os primeiros rasgos de luz, fazendo-me lembrar de que são
como puras sedas esgarçando-se, abrindo espaço ao sol abusado que mesmo
fraquinho a estas horas, insiste e abre passagem para através das fendas que se
formam nos céus chegar às copas das frondosas mangueiras que circundam o meu
jardim.
Incansável, registro este rito que
até pode parecer igual, mas que bem sei por experimento diário ser sempre
diferente, inédito, surpreendente.
Penso, então, que na convivência, assim
como no amor, o processo é o mesmo, fazendo confundir o pouco observador,
enfadando a grande maioria, levando-os a crerem que tudo é sempre igual, quando
na realidade o sempre igual são os hábitos arraigados, infelizmente não
treinados a, como o sol, ser prático e criativo, rompendo a seda fina do
cotidiano para, então, adicionar a tenacidade do querer experimentar uma nova
emoção, tal qual faz o sol incansável na tenacidade de seus amanheceres.
A você que me lê, uma sexta-feira
desbravadora, mas acima de tudo iluminada pela luz e a sensibilidade dos olhos
seus.
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