quarta-feira, 30 de outubro de 2013

COISA E TAL


Dormi pouco, mas dormi bem, e agora, sentada como sempre ao lado da janela da sala, posso ouvir também, como sempre, os pássaros em suas visitas matutinas, lembrando-me incansavelmente que a vida é bonita e é bonita, e naturalmente direcionando-me a escrever sobre ela, sobre mim mesma e, é claro, sobre gente e seus valores.
E no que ouço, penso, e no que penso, analiso, e no que analiso, constato, e constatando inspiro-me e escrevo sempre buscando a coerência entre as palavras e os meus sentimentos, sabedora que sou dos perigos das emoções, que arteiras, se camuflam sempre prontas a oferecer seus toques pessoais que, afinal, mascaram as realidades, redesenhando fatos e situações com seus imaginários, então, confundindo-me.
Por que, estou pensando em como penso?
Bem, talvez porque eu esteja procurando uma forma de afastar pela lógica as minhas emoções, antes de começar a pensar, analisar, constatar e me inspirar a escrever a respeito da festa na qual estive presente, na noite de ontem, ou talvez esteja apenas enrolando a mim mesma, por não ter encontrado ainda o fio exato da meada e, deliberadamente, não  queira me sentir apenas uma narradora banal de fatos, hoje já não mais corriqueiros em meu cotidiano.
Enquanto escrevo o que penso, sou surpreendida pela chegada de minha filha à sala, interrompo e me sinto absolutamente encantada com sua presença morena, perfumada e gostosamente empolgada, por estar indo ainda tão cedo inscrever-se num mestrado, repleta de ideais, no auge de sua deslumbrante juventude que egoísta como toda mãe apaixonada que insiste em tentar reter a ideia da menina que jamais cresceu.
Diante deste quadro que começou a ser pintado em minha vida, há 26 anos, na bendita decisão de ter mais um filho, já no auge dos meus 37 anos, volto a pensar no quanto a vida é bonita e é bonita, e no quanto somos infinitamente ingratos ao desconsiderar os pensamentos, as análises e as constatações da inutilidade da coisa e tal do fútil que nos cerca, da ingratidão que nos tolhe a inspiração, do praticamente nada que empana toda a grandeza de sermos coerentes nas escolhas e nos aceites, nas negativas e nos talvez.
E penso, então, que eu só queria escrever sobre a festa... Mas, afinal, será que eu não escrevi?
Hum...
 Penso que isto está me parecendo mais um discurso, daqueles que falam de tudo um pouco e na realidade, não dizem nada.

Que coisa hein!!!!!!!!!! 

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