Hoje,
amanheci sem o barulho da chuva no telhado, apenas senti o friozinho invasor às
cobertas que atingiu o meu corpo desprevenido, que logo se encolheu na linguagem sensitiva do não querer sair do
aconchego quentinho em que se
encontrava.
Um ou talvez
dois minutos tenha se passado, antes de calçar os chinelos e, finalmente,
abandonar o melhor lugar do mundo que sempre foi a minha cama, meu abrigo, meu
conforto de longos e preguiçosos descansos desta minha satisfatória vida.
Não me
lembro de ter escrito sobre o meu sono, minha cama, meus lençóis, só lembro-me
das escritas que falavam das cores, dos perfumes e dos sabores, também me
lembro das que falavam dos pássaros, do mar e das pessoas, e ainda, do céu
azul, das chuvas e das alegrias, sim, não me esqueci de que também escrevi dos sentimentos e das emoções que as
compõem, fiz poesias, relatos e pesquisas, fui contadora de histórias da vida
real e fui registrando incansável quase tudo ao meu redor e, como águia perscrutando
a natureza, quis ir bem mais longe e alcancei o imaginário.
E cá estou
eu, nesta manhã acinzentada, buscando “Deus” através de um raio de sol que
possa me garantir que as chuvas intermitentes do outono me ofertarão uma trégua,
para que o dia das crianças possa ser ensolarado e toda programação não sofra
nenhum reparo.
Bem, posso
até imitar as águias, nadar profundo como os peixes e voar como os pássaros,
mas será que posso também acreditar que o universo bendito aceitou me
acompanhar nesta empreitada de festa de
alegria e de esperanças?
Só vou saber
amanhã, quando o dia 12 chegar e minhas 500 crianças estiverem reunidas,
comendo os cachorros-quentes, saboreando os refris e, é claro, engolindo
pipocas que a não menos bendita solidariedade, proporcionará.
Neste
instante, enquanto escrevo, ouço os pássaros em profusão, tão alegres e
esperançosos quanto eu.
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