sexta-feira, 11 de outubro de 2013

NO ACONCHEGO


Hoje, amanheci sem o barulho da chuva no telhado, apenas senti o friozinho invasor às cobertas que atingiu o meu corpo desprevenido, que logo se encolheu  na linguagem sensitiva do não querer sair do aconchego  quentinho em que se encontrava.
Um ou talvez dois minutos tenha se passado, antes de calçar os chinelos e, finalmente, abandonar o melhor lugar do mundo que sempre foi a minha cama, meu abrigo, meu conforto de longos e preguiçosos descansos desta minha satisfatória vida.
Não me lembro de ter escrito sobre o meu sono, minha cama, meus lençóis, só lembro-me das escritas que falavam das cores, dos perfumes e dos sabores, também me lembro das que falavam dos pássaros, do mar e das pessoas, e ainda, do céu azul, das chuvas e das alegrias, sim, não me esqueci de que também  escrevi dos sentimentos e das emoções que as compõem, fiz poesias, relatos e pesquisas, fui contadora de histórias da vida real e fui registrando incansável quase tudo ao meu redor e, como águia perscrutando a natureza, quis ir bem mais longe e alcancei o imaginário.
E cá estou eu, nesta manhã acinzentada, buscando “Deus” através de um raio de sol que possa me garantir que as chuvas intermitentes do outono me ofertarão uma trégua, para que o dia das crianças possa ser ensolarado e toda programação não sofra nenhum reparo.
Bem, posso até imitar as águias, nadar profundo como os peixes e voar como os pássaros, mas será que posso também acreditar que o universo bendito aceitou me acompanhar nesta empreitada  de festa de alegria e de esperanças?
Só vou saber amanhã, quando o dia 12 chegar e minhas 500 crianças estiverem reunidas, comendo os cachorros-quentes, saboreando os refris e, é claro, engolindo pipocas que a não menos bendita solidariedade, proporcionará.
Neste instante, enquanto escrevo, ouço os pássaros em profusão, tão alegres e esperançosos quanto eu.




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