Fecho os
olhos e, ao voltar a abri-los, penso no horror da indiferença, na tristeza do
pouco caso, na solidão do abandono que cada um de nós tem sentido e praticado
nos nossos cotidianos, fechando não só nossos olhos, mas principalmente nossos
sentimentos em relação às mortes e à destruição sistemática que as drogas estão
fazendo nos nossos cotidianos. Acreditamos ou fingimos acreditar que nada disso
nos diz respeito, e que nunca seremos atingidos diretamente.
Enquanto
isso, a vida vai passando, cada vez mais sofrida, pois a cada instante somos
bombardeados pela violência que nos cerca, tolhendo-nos a liberdade de ir e vir
e, até mesmo, de ficar em nossas casas, sem que o medo seja a tônica das
conversas e pensamentos.
É uma grade
aqui, uma cerca ali, e nada, absolutamente nada, tira de nós a sensação de um
sempre eminente perigo, que empana nossos instantes e nos induz a desenvolver
silenciosamente uma suposta indiferença, que na realidade nos torna, cada vez,
mais reféns de um sistema doente e poderosamente contagioso.
Para
sobreviver, buscamos a religião e a ela nos agarramos esperando que Deus que
tudo sabe e tudo pode, venha resolver o que nossa lógica e nossos sentimentos por
Ele a nós doados, são incapazes de superar nossa covardia e incapacidade de nos
aglutinar para sermos e de querermos um mundo melhor para nós mesmos.
Que coisa, hein!!!!
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