Estou aqui
no meu sempre cantinho da sala, ao pé da janela, apreciando o domingo nascer e
é claro que minha mente vaga no já visto e sentido, numa retrospectiva que já
me acostumei a fazer e que, confesso, abre enormes portas à minha imaginação,
levando-me a fazer associações que, geralmente, tendem à minha sempre
preocupação em criar mecanismos que sejam não só viáveis, mas principalmente
úteis à melhoria da condição humana, sobretudo em relação a sua bendita
necessidade de pertencimento pessoal.
Nunca em
tempo algum que pude observar ao longo de minha vida, as pessoas estiveram tão
voltadas à individualidade e, ao mesmo tempo, tão absurdamente carente do
estreitamento coletivo.
Também, sou
obrigada a registrar o fato doloroso das pessoas em meio à solidão de suas
existências, não poderem romper a névoa do politicamente correto, levando-as
gradativamente a tenebrosas mudanças nos seus comportamentos sociais, violando
assim o pouco que lhes restava de valores de satisfação íntima, em prol de um
falso acolhimento que não satisfaz, apesar de oferecer aparentes vantagens que,
se a veste no exterior, certamente em nada a embala em seu íntimo de criatura
humana que, verdadeiramente, precisa ser afagada.
Constato
entristecida que também jamais presenciei tantos conflitos entre o Deus e o
Diabo, impondo a culpa e o castigo nas criaturas, ficando ambos como senhores
dominadores que escravizam, levando-as a refugiarem-se nas compensações
momentâneas que se sucedem, roubando assim o senso da continuidade, tão
necessário ao desenvolvimento natural da relativa posse que ampara e oferece o
sentido de estar pertencendo, estimulante natural da capacidade que todos
trazem em si de proteção amorosa a si e ao tudo mais ao seu redor.
Vejo agora,
a variedade de espécies de pássaros matinais, cantando cada qual com suas
características próprias em uma harmoniosa sincronia, produzindo sons que mais
que encantam a mim e, portanto, a vida, enobrecem a si mesmos que pela fidelidade de suas
naturezas se destacam em suas benditas singularidades, formando um tom de
conjunto, que sinfônica humana alguma foi, até o momento, capaz de reproduzir.
A Primavera
chegou e com ela as cores e os perfumes, ingredientes mágicos capazes de
alterar posturas e sentimentos, através das emoções.
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