Meu Deus,
olho ao redor e posso ver muitas dores sendo sentidas e o que é ainda mais desesperador
é vislumbrar as que ainda chegarão oriundas da total incapacidade do ser humano
em perceber o quanto ele é fantástico, pelo simples fato de ser um elemento,
capaz de com a sua capacidade em pensar, tornar lógica a sua própria grandeza.
Ontem,
apreciando da varanda a beleza do mar da contracosta de Itaparica, na companhia
de alegres amigos, por diversos momentos, me vi agradecendo à vida pelo fato de
estar viva e usufruindo de tudo aquilo sem que para isso eu tivesse atravessado
o mundo, como tantos já fizeram.
E aí, também
em alguns momentos, silenciosamente, através desta minha mente inquieta,
questionei Deus, querendo entender, qual o critério por ele estabelecido para
determinar quais as pessoas que deveriam ter vidas sofridas ou viverem vidas
privilegiadas.
Perguntei-o,
por exemplo:
- Por que
fui agraciada por todo o tempo, enquanto outros, quase nada receberam.
Bem... De
repente, melhor teria sido apenas usufruir sem muitas perguntas como faz a
maioria, afinal, não seria uma espécie de sentimento de culpa, querer
questionar para disfarçar os horrores que são inevitáveis aos olhos e aos
sentimentos para aqueles que, como eu, não conseguem ficar neutros às misérias
existenciais?
Não seria
uma blasfêmia filosófica, falar-se em buscar a própria grandeza humana, justo
quando nada se tem além de dores e dificuldades?
Baboseiras
de quem de verdade, jamais provou o literalmente não ter e, então, fica
discursando palavras de ordem filosóficas, tão somente para camuflar o
constrangimento pessoal em não compreender as infames diferenças que norteiam
as existências humanas.
Seja lá o
que for, sinto-me melhor quando questiono ou quando apenas observo expressando,
porque desta forma, divido responsabilidades com Deus, para não ter que admitir
pensar que, todo este horror é tão somente produzido pela nossa inconsequência
de criaturas humanas, destituídas em sua maioria da bendita humanidade que
certamente, recebemos, mas que por vaidade, ganância ou negligência, fazemos
tão mau uso.
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