quinta-feira, 18 de julho de 2013

A GOTA DÀGUA...

Hoje, de um instante para o outro, percebi assustada o quanto me tem sido aviltante, conviver a também cada instante com a crescente inversão dos valores éticos e morais que deveriam ser os pilares intocáveis quanto ao determinante das relações humanas.
Por que estou vivendo tanto, por que não me fui quando ainda podia acreditar nas pessoas, nas instituições?
Por que tenho que presenciar e conviver com os absurdos das diferenças, com as maldades explicitas e ainda ter que fingir como os demais que tudo está bem e que, certamente, melhorará ainda mais, quando não há qualquer sinalização neste sentido, quando o mundo se dobra às futilidades, às guerras comunitárias e ao abandono?
Escapei da era dos bárbaros, das epidemias, do Holocausto, escapei da fome, da miséria e das desgraças, justo para vir presenciar o retrocesso e a derrocada de uma humanidade que jamais se firmou em suas potencialidades e grandezas.
Olho ao meu redor e só consigo enxergar mentiras, interesses e crueldades. Como posso me calar diante deste quadro feio e corrosivo?
Como tirar vantagens deste fétido momento, onde posso sentir os malfeitos e os desalinhos praticados a cada instante?
Que evolução é esta que nos aprisiona a comportamentos de concordância, frente às afrontas de um cotidiano a cada dia mais desumano?
Senhor, onde estais que não punes e tão pouco fazes parar esse caudaloso rio de injustiças sociais, permitindo que somente aos pequenos, fracos e oprimidos, recaia a indiferença, a fome e a miséria?
Quais os critérios que estabelecestes na escolha das pessoas que tanto sofrem?
Que pai és tú que se permite o silêncio diante de tão inominável injustiça?
Que exemplo tens sido para aqueles que, como eu, decidistes dar o dom do raciocínio lógico em prol de um bem comum, tão arduamente perseguido?
Não sinto culpa por falar-te com tanta franqueza e tão pouco receio qualquer punição, porque me deste o poder do raciocínio, a boca e da língua afiada e ainda por cima me deste a bendita dignidade que tantas vezes me amparou, inspirou e protegeu e, certamente, também me vale de, pelo menos contigo, poder ser franca, sem rodeios ou firulas, e mais ainda do que isto poder te chamar de pai, talvez com muitas ressalvas, mas ainda te amando.


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