sábado, 13 de julho de 2013

SEMPRE UM NOVO GOZO


O friozinho maroto muito raramente aparece por estas bandas de cá, onde o sol imponente por todo o tempo estabelece presença, mas ainda assim, sorrateiras e astutas, as brisas leves de um suposto inverno, insistem em não arredarem seus pés e como estou sempre atenta, aproveito-me descaradamente de cada uma delas, deixando-me arrepiar safadamente, assim como as recebo sem qualquer proteção, pois confesso adorar a sensação que percorre o meu corpo, fazendo estremecer gostosamente a minha pele, proporcionando-me um gozo salutar que me faz sentir mais e mais, esta vida que sempre me surpreende, mesmo que em meio a um cotidiano, aparentemente igual.
Pensando sobre tudo isto, creio que fiz da natureza em suas infindáveis variantes, um amante delicioso que supre com seu inesgotável charme e sedução, todas as minhas inimagináveis carências de ser humano exigente que insiste em extrair desta vida, emoções continuadas, justo por compreender, que só elas são capazes de verdadeiramente, justificarem a minha própria existência, em meio a esta inesgotável fonte de prazeres que é a minha também compreensão, quanto  ao ato contínuo de viver.
Porque, afinal, admitir-me eterna é tão assustador quanto pensar-me  finita e como ambos são irretocáveis, resta-me tão somente, extrair destas certezas absolutas, o maior gozo, a maior plenitude, fazendo de cada instante presente, minha eternidade, aceitando cada emoção como um despertar fabuloso, após a finitude do momento passado e neste ciclo ininterrupto de vida e morte a cada instante, percebo-me eterna, grandiosa e absoluta.
Não consegui jamais ter medo de uma possível morte como jamais fui capaz de sentir medo da vida, talvez por senti-las por todo o tempo em meus sempre apreciados momentos presentes, como o sol ardente e o friozinho safado, que me fazem estremecer cada qual a sua maneira.
Não sinto qualquer culpa por permanecer ligada a este amante adorável que por si só me encanta e me estimula a querer muito da vida, assim como da morte em um ciclo ininterrupto de incontáveis prazeres.
Agora mesmo, chove lá fora e o friozinho da madrugada atravessa as paredes, vindo ao meu encontro e eu que jamais me faço de rogada, respiro fundo, fecho meus olhos e safadamente me entrego a mais um gozo de vida e liberdade.
Bendita a vida que me deu vida, bendita a vida que me renova em infinitas mortes.



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