Nesses
tantos anos de escritas, já discorri sobre todas as emoções que fui capaz de
detectar primeiro em mim, depois nas outras pessoas, e preciso reconhecer que
por mais que eu pesquise, mergulhe em mim mesma ou me debruce diante das evidências
comportamentais que se apresentam diante
das minhas sempre atentas observações, pouco ainda posso dizer que sei deste
universo tão diversificado e rico em disfarces e camuflagens que é o ser humano
com suas emoções na convivência com o tudo mais que o cerca.
Nós
criaturas humanas em relação a nós mesmos somos ainda mais confusos, pois
transformamos a relação razão e emoção em uma relação sempre impiedosa, camuflada através de posturas auto indutivas e
justificáveis quanto à necessidade de sobrevivência, seja emocional ou
racional, fechando assim um ciclo de pseudo
proteção, que na realidade somente promove um constante duelo intimo que ao ultrapassar nossos limites de
tolerância, deixamos extrapolar aos demais, na realidade, buscando inconscientemente
alívio para o nosso inferno pessoal.
Falando
assim, até parece que sou catastrófica em minhas conclusões e desiludida quanto
aos entendimentos alcançados neste passo a passo de buscas dos conhecimentos
que matreiros se escondem , provocando dúvidas, confusão e até medo nas
posturas possíveis de serem reconhecidas no trato diário com os demais e comigo
mesma, nesta caminhada de vida.
Nada disso,
apenas humildemente reconheço que nada sei, pois a cada instante sou
surpreendida com um novo aspecto que se apresenta principalmente em mim e, é
claro, naqueles com os quais tenho o privilégio de conviver por um período
maior.
Naturalmente
a bagagem de subsídios captados e arduamente dissecados é fabulosa e me confere
certo entendimento, entretanto, este mesmo manancial é que me faz consciente de
meu pífio ainda conhecimento a respeito desta infindável capacidade neurônica e
sensitiva.
Esta tarefa,
na qual me propus ainda muito jovem, garantiu-me ao longo da vida, buscar e
encontrar minhas próprias portas internas e obrigou-me a abri-las uma a uma,
rasgando muitas vezes minhas fictícias, mas rígidas, membranas emocionais que
endurecidas pela rigidez do medo de se verem expostas, reagiam, causando muita
dor, muita ansiedade, imensos momentos de profunda solidão, onde só a minha
tenacidade em conhecer um pouco mais de mim, permitia-me tamanha determinação.
Penso, então,
que apesar de tantos mergulhos e de tantas imersões, ainda pouco creio saber,
restando-me apenas a certeza que tudo quanto pude extirpar até o momento deste
conflito do qual eu e você fugimos por todo o tempo com nossas camuflagens
constantes, estas ,foram jogadas para fora de meu armário de pessoa humana e
que nos espaços, então vagos, houve mais parcimônia na permissão à qualquer
outra ocupação.
Fiz e faço
desta labuta de todos os momentos, um tirar de pesos desnecessários que,
afinal, turvam o brilho de meus instantes de vida.
Neste
empenho pessoal, fui aprendendo a me respeitar e, assim, desafogando a minha
morada existencial que é tão somente a somatória de um corpo, uma mente e de um
todo sensitivo, mas por todo tempo, muito observadora, pois por reconhecer que
ainda nada sei, sei que sou capaz de me permitir retroceder, caso não permaneça
atenta, pois as armadilhas sempre serão produzidas, por este mesmo potencial
que a vida me confere, podendo, certamente, vir a me ferir, confundindo-me,
enganando-me e, aí sim, tirando-me o prazer de viver com lucidez a vida com tudo
que com ela respira, impedindo-me de senti-la tal como ela é, absolutamente
linda.
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