Partindo desta premissa passei a
não desconsiderar aqueles vícios posturais que faziam parte da minha apresentação
pessoal ao externo, percebendo que as mesmas eram como uma segunda pele que
compunha o meu jeito de ser.
Confesso que gostei de muitas das
minhas performances, mas também, me senti horrorizada com algumas outras, percebendo
que eram exatamente iguais a tantas
outras que eu mesma criticava nas outras pessoas, só se diferenciando pelo meu
toque de personalidade, tal qual artistas ao interpretarem o mesmo papel.
E aí, passei a questionar a
validade de meus conceitos em relação a tudo que se apresentava diante de mim.
Uma Loucura!
Entretanto, eu precisava agüentar
o tranco, pois loucura maior era dar-me ao direito de adentrar no que eu passei
a chamar de ALMA HUMANA, correndo o risco permanente de extrapolar, crendo-me
acima do bem e do mal, julgando, questionando e rotulando, de forma individual
ou colocando determinadas posturas aparentemente repetitivas dentro de um
enquadramento rotulado, desconsiderando as formas diferenciadas em que, cada
criatura absorve e processa todo o volume de informações que recebe a partir do
ventre de sua mãe.
Em se tratando de gente, cada
caso é um caso, podendo-se tão somente fazer das informações descritas pela
mesma, ou dos atos observatórios, um traçado inicial de direcionamento não havendo
espaço para generalizações, quando muito de semelhança sistêmica e patológica.
Portanto, se somos únicos em
nossa unidade de criaturas humanas, nada pode ser igualitário em nossa
apresentação física, mental e emocional, perante o sistema e conseqüente
relação com os demais, seja humano ou não.
Diante desta conscientização,
passei a enxergar cada criatura com a qual eu convivia como um ser muito especial,
capaz de me surpreender a qualquer instante, jamais crendo ser possível, prever
sua postura seguinte, baseada na minha já vasta experiência de convívio.
Ela sempre poderia me surpreender
e para tanto eu precisaria estar absolutamente disposta a aceitá-la ou não, em
sua forma de ser, de sentir e, reagir. Em momento algum, desconsiderei a
invasiva psíquica com o qual, o sistema invade possibilitando as alterações
humanas, no entanto, fixei minha atenção na essência dela mesma que ao longo
destes quase quarenta anos de estudos in loco, levaram-me a crer, ser a base, a
estrutura que permanece inalterada, mesmo quando sufocada pela força
indescritível que a convivência sistêmica
é capaz de atuar, desfigurando o obvio observado nas criaturas,criando
uma pele extra que parece que é de origem, mas que pode ser tão somente uma
vestimenta com a qual a criatura em determinado momento vestiu e foi se
habituando em tê-la sobre si, muitas vezes apenas com o objetivo de proteção
extra.
Portanto, pense nisto, antes de
julgar alguém pelo que inicialmente ela se apresentou a você ou a sociedade de
um modo geral. Vale sempre a pena investir-se num melhor conhecimento daquele
que está ao seu lado, não importando se no trabalho, em casa ou no vizinho.
Você pode vir a ter muitas surpresas agradáveis, assim como, revelações
desagradáveis que certamente por terem sido observadas com critério e respeito,
evitarão dores e aborrecimentos futuros.
Investir na qualidade dos relacionamentos é fundamental para que
tenhamos melhores instantes de vida e para que corrijamos nossas próprias
distorções. Afinal, gostamos de nos considerar perfeitos e sempre absolutamente
certos em nossas ponderações e isto é ilusão, cegueira e arrogância.
Quer postura mais primária que
esta?
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