quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Motim Escolar


Quando se testemunha um motim de alunos, provocado por uma desavença de ordem administrativa entre seu Diretor de unidade escolar e o secretário da educação do município que vem se arrastando a meses, refletindo diretamente na qualidade dos serviços profissionais, assim como no estabelecimento de critérios de disciplina dos alunos, esperar-se mais o quê, além do lamentável episódio que culminou em tiros, quebra-quebra, destruição, desde as janelas externas até salas e Biblioteca, em uma ação de vandalismo e consequente desrespeito, não só à escola, mas à sociedade como um todo.

Nada, absolutamente nada, pode justificar as posturas que levaram os alunos a agirem desta forma, mas explica, uma vez que, em meio aos interesses sejam pessoais ou políticos, o que menos foi considerado foram justamente os alunos que demonstraram, ao vivo e a cores, o que absorveram de ensinamentos extra didáticos.

É preciso que se “acorde” rapidamente para este horror perante aos céus que é a violência, resultado do abandono social do qual as criaturas estão sendo mantidas, seja nos grandes centros urbanos e até mesmo em redutos tão pequenos, onde de uma forma ou de outra, as pessoas se conhecem e deveriam pelo menos respeitarem-se, assim como as suas instituições.

Quando comete-se o erro gritante de colocar no mesmo ambiente, crianças de 11, 12 anos, dividindo espaços com jovens de 17 a 21 anos, notoriamente já marginalizados pelo sistema, esperar-se o quê, além de um aliciamento constante e uma desordem sem precedentes.

Quando se mantém, seja lá por qual motivo, profissionais descontentes ou que não comungam com as regras estabelecidas que deveriam ser, antes de tudo, o de respeitar os direitos das crianças e dos adolescentes, sem, no entanto, confundir-se no dia a dia com parcimônia e excessiva tolerância, esperar mais o quê, além da violência explicitada, como retorno comportamental.

Penso, então, que melhor seria que ainda vivêssemos como vivem as tribos indígenas, porque afinal, em seus redutos, respeita-se as hierarquias, a sabedoria dos mais velhos, as riquezas naturais que os cercam, a preservação de suas culturas, assim como protege-se o próprio território, fazendo dele o seu bem maior, depois da própria vida.

E nós é que somos civilizados? E nós é que somos evoluídos?

Existirá civilidade e senso evolutivo onde o respeito, a dignidade e o bem comum não sobrevive em uma escolinha de cidade do interior onde todos são vizinhos e onde deveria residir a paz e a solidariedade?

Pensem nisso!


Juarez Machado – Professor de Matemática



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