Os sabiás, neste fim de tarde, estão abusadíssimos, com suas
cantorias e voos agitados, balançando galhos, sacudindo folhas, emociono-me.
Será que cantam tão alegremente porque hoje não choveu e o
sol, mesmo ainda tímido, permanece constante, permitindo que eles sequem as
asas e saiam de seus ninhos? Talvez...
O pé de amoras, carregadinho, serve de refeitório farto para
os meus meninos e eu, daqui, debruçada à janela, ouço seus cantos e voo com
eles, sem qualquer cerimônia, tal qual eles, que abusados, dominam meu jardim,
meus ouvidos, minha alma.
Penso, então, que devo ter sido um pássaro, talvez até mesmo
uma sabiá, arisca e arruaceira, que buscava doces amoras em jardins da
vizinhança e, quem sabe, um outro alguém a quem também encantei, debruçava-se à
janela e até emocionava-se, tal qual acontece agora com as lágrimas que
escorrem deste meu ser apaixonado por pássaros, que cantam causando-me um novo espanto.
Em parceria com:
Ruth Sorocaba Martins – Ipiúna
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