sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Deus e o Diabo

É tão estranha a sensação física e mental de se estar sentindo paz que facilmente a confundimos, chegando inclusive a temê-la.

Pode ocorrer por alguns instantes, horas e dias, mas fatalmente ela se apresenta, como se quisesse ser percebida e, lógico, que a queiramos.

Qual nada!

Estamos tão habituados aos constantes “tsunamis interiores” que, de repente, nos observarmos em profunda calmaria, pode ser simplesmente desesperador.

Por outro lado, se conseguirmos ser curiosos o bastante para suplantar o pavor de estar sentindo paz que nos domina, tal qual fazemos, frente a tantos outros segredos que ambicionamos desvendar, abrimos espaço talvez para a experiência mais fabulosa que um ser humano pode vivenciar, que é o prazer inenarrável de sentir-se em comunhão com a vida, na sua mais expressiva e gratificante ação.

E, então, como num estalar de dedos, nos apercebemos que por instantes que sejam, fomos capazes de fazer o mundo e tudo mais à nossa volta, não parar, mas tão somente circular dentro do ritmo que nós mesmos determinamos.

Isto não é incrível?!

Poder acreditar que somos capazes de fazer a “nossa hora” e que as horas restantes deixaram de ser os nossos algozes?

Pois bem... dirão alguns.

Que coisa, hein?

Falta do que fazer é o bicho!

Dona Regina adora viajar na maionese, deslizar que nem uma pata na lagoa...

Talvez... mas eu só escrevo o que sinto e posso garantir que esta experiência que acabo de narrar foi a mais espetacular que já tive o privilégio de vivenciar, tanto, que sempre que posso, e atualmente estou fazendo com que eu possa sempre, permito-me viver a sensação gostosa, orgasticamente envolvente da paz que acredito estar fazendo de mim uma criatura mais próxima “daquele” Deus que todos buscam, e raros encontram.

Entretanto, não foi fácil adentrar neste colóquio amoroso entre mim e a paz. Ah! Como foi difícil, amedrontador, muito esquisito...

Houveram momentos em que mergulhada no aparente vazio que a paz descortinava em minha mente, tirando de mim, até mesmo o sentir de meu corpo, que em atos repentinos e desesperados, buscava o caminho do retorno ao meu velho “tsunami”.

Nesses momentos o desespero atinge o seu auge maior, pois conscientizamo-nos do total desconhecimento do terreno emocional que encontramos.

Mas nem tudo é assim tão ruim, pois por todo o tempo nossa consciência guerreira, forte e decidida, nos mostra sua grandeza, alisa o nosso medo e se formos, nem que seja um pouquinho, ousados, cedemos por uma fração de instantes à realidade fantástica que nos atrai e pronto, ganhamos o brinde de estarmos usufruindo a bendita paz.

O perigo maior, a partir daí, se faz presente, minando nossos dias, alterando o nosso fato de ser.

Afinal, conhecer o poder da paz faz com que nos tornemos seres mais sensíveis e aí percebemos bem mais rápido tudo quanto dela nos afasta, passando a negar qualquer possibilidade que se torne um empecilho a vivenciá-la.

Cruz credo, não é à toa que da paz foge-se, pois mais difícil que conviver com o Diabo é não saber como evitar Deus...

Parceria de:

Juarez Gonzales Feijó (14 de abril de 1934)

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