sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Entre Alhos e Bugalhos

Confundem-se os passos,

num chão de pedras e flores,

onde a alma grita em silêncio

e o olhar quer apenas ser ouvido.

Misturam-se alhos aos bugalhos,

como se o fruto sadio

fosse apenas mais um,

exposto ao vento,

sem cuidado de mãos limpas.

Onde estão os homens educados?

Aqueles que sabem ver

sem devorar com os olhos,

que entendem que um sorriso

não é promessa,

que presença não é posse.

E que brincadeira, não é licença

E a mulher,

diante da grosseria travestida de graça,

respira fundo,

traça fronteiras invisíveis,

e com palavras firmes

devolve o peso ao dono.

Pois há quem confunda

liberdade com libertinagem,

amizade com permissão,

e emoção transparente

com terreno livre para colher.

O respeito,

ah, o respeito…

Regina Carvalho- 14.8.2025 Tubarão S.C



ORAI E VIGIAI

Estou neste instante, escutando o preciso Noturno de Chopin, melodia que tem a capacidade de abrir as minhas comportas emocionais, ligando-me com fios vibracionais invisíveis ao universo  de mim mesma, onde então, me sinto absolutamente segura.

Esta viagem, faço prazerosamente desde a minha infância, pois, por lá, tudo me é familiar e acolhedor, permitindo-me relaxar para sorrir ou chorar as alegrias e tristezas que sinto do lado de cá, neste território terreno, onde águas turbulentas, vez por outra, misturam-se as minhas, normalmente serenas.


Elegância em Extinção

Acordei pensando que a vida em sociedade sempre exigiu pequenas danças de gentileza: o “bom dia” que abre portas, o “por favor” que afasta arestas, o “obrigado” que encerra conversas sem fechar corações. Hoje, essas danças parecem fora de moda. Trocam-se os passos por cotoveladas verbais, respostas secas, olhares que pesam mais do que chumbo. A leviandade e a indiferença, ditam o tom.

Observo que as pessoas estão acabrunhadas e tristes e nem percebem...

Não é de agora que a violência existe, mas antes, ela vestia disfarces. Hoje, sai à rua despida, sem pudor, escrachada e com voz alta. No trânsito, na fila do supermercado, nas redes sociais...

 A agressividade tornou-se linguagem comum. Já não se trata apenas de brigas e crimes, mas da erosão silenciosa dos gestos elegantes...


quinta-feira, 14 de agosto de 2025

TESÃO PELA VIDA

Viver é acima de tudo descobrir o próprio valor amoroso, afim de estimular os valores dos demais, sejam eles, humanos ou não, criando uma rede de equilíbrio nas convivências, a partir de si, atenuando os efeitos das intempéries que infelizmente, estão sempre presentes. Afinal, milagres não caem do céu, pois, são resultados de contínuas ações mentais que produzem espiritualmente, vibrações benditas que proporcionam milagres também contínuos, mas que as atribulações cotidianas, tendem a obscurece-los, transformando os óbvios milagres em apenas, banalidades.

Essa mensagem, não se trata de filosofia de autoajuda, mas sim, resultado de experiências pessoais que mantiveram abertas as minhas portas existenciais, para que os milagres oriundos da universalidade, adentrassem continuamente em minha vida.

Afinal, se sou capaz de controlar minha vida social, financeira e amorosa com os recursos que disponho, também posso com um olhar, um sorriso, uma palavra, um apoio, uma intenção, por mais breve que possa parecer, mudar antes de tudo, o meu próprio caminhar, forrando os meus pés e as batidas do meu coração ansioso e moleque com as almofadas da paz interior, único meio de extrair até mesmo do improvável, preciosos milagres.

Acorde nas suas manhãs e diga: “Eu te amo” pra si mesmo olhando-se no espelho e depois, me conte, se você não sorriu...

“É preciso não esquecer que é através dos sorrisos e do bom humor que mantemos o gostoso tesão pela vida”.

Regina Carvalho- 14.8.2025 Tubarão-S.C



quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Faz tanto tempo, mas ainda me lembro...

O que você quer ser quando crescer?

Perguntou minha mãe em tom solene...

Como seria possível aos seis anos responder a tal pergunta?

Mas eu respondi, abrindo os braços rodopiando pela sala, num voo imaginário...

Minha meta era a liberdade que os pássaros simbolizavam pra mim.

Nada mudou com o passar do tempo, afinal, como qualquer pássaro, deliciei-me com o sol ardente, molhei-me e precisei me esconder das grandes tempestades, mas persistente, sobrevivi amando a vida, e nela me espelhando.

E agora, Regininha, o que quer ser até o fim dos tempos?

Continuar como um pássaro livre, levando em minha garupa, quem estiver disposto a voar...

Regina Carvalho- 13.8.2025 Tubarão S.C

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Saudades do calor do sol de minha Itaparica...



terça-feira, 12 de agosto de 2025

BASTA UMA GOTA...

Acordei pensando nas magoas que alteraram minhas emoções e que não controlei e que me trouxeram desgastes e riscos desnecessários, quando, bastaria que eu tivesse tentado esclarece-las, e não deixar que elas morassem aparentemente quietas, como água parada num copo esquecido. Não transbordavam, não chamavam atenção. Apenas ficaram lá, ocupando espaço dentro de mim. No início, pareciam inofensivas, quase transparentes e sob o meu controle.

Mas bastava uma gota, uma palavra atravessada, um silêncio frio, um gesto descuidado. Então, o copo se rompia. A mágoa, já saturada, se derramava em vingança, repleta de raiva. 

E esta, sempre é veloz: “tomando o corpo, roubando o fôlego, obscurecendo o olhar”.

Nem sempre é a gravidade do ato que pesa, mas o acúmulo do que veio antes. O perigo é que tanto a mágoa quanto a raiva, partilham o mesmo vício: desequilibrar a alma.

E o equilíbrio, uma vez perdido, exige finalmente, o esforço da franqueza do esclarecimento e um tempo para se recuperar... 

Exige vontade de deixar a confiança voltar a se estabelecer, o que, nem sempre é possível de se conseguir...

Regina Carvalho- 12.8.2025 Tubarão S.C



segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Outra Vez

Amar é como abrir a janela depois de uma tempestade:

o vento pode ser frio,

mas o ar é sempre novo.

Não importa quantas vezes o coração tropeçou,

ele ainda sabe dançar.

Cada cicatriz é um mapa,

não uma prisão.

A idade? Apenas um número.

As frustrações? Apenas capítulos.

O medo? Um visitante que não merece casa.

O amor não pede garantias,

pede entrega.

E quem escolhe amar,

mesmo depois de ter chorado,

já provou que é mais forte que qualquer dor.

Então, abra o peito,

olhe nos olhos do destino

e diga:

"Eu não tenho medo de ser feliz outra vez."

Regina Carvalho- 11.8.2025 Tubarão- S.C



Entre Alhos e Bugalhos

Confundem-se os passos, num chão de pedras e flores, onde a alma grita em silêncio e o olhar quer apenas ser ouvido. Misturam-se alhos aos b...