Estou aqui pensando neste amanhecer menos frio e percebo que não há nada mais terrível, numa sociedade de valores arcaicos e fragilizados, do que ter um líder que constantemente cutuque o que ainda resta da consciência crítica, aquela que, em geral, contraria interesses de grupos e de indivíduos.
Esse tem sido o adubo que, de forma equivocada, vem nutrindo desde sempre o fértil canteiro do nosso Brasil que é um país rico, belo e repleto de possibilidades em cada cidade, por menor que seja. Isso acontece quando o povo escolhe, reiteradamente, reeleger o inapropriado, apenas para prolongar, com garantias constitucionais, por mais quatro anos, a impunidade de líderes que escancaradamente vilipendiam os mais sagrados direitos em todos os níveis e naturalmente os seus interesses pessoais ou pura incapacidade avaliativa. Depois, disfarçam e justificam as suas apropriações indevidas com pequenas obras, financiadas em grande parte por emendas parlamentares: pracinhas, festas estrondosas e outros agrados ao gosto popular. A multidão, distraída, nem se apercebe de que, em termos de qualidade, nada realmente recebe, já que o lixo só se agiganta nos mesmos lugares, os materiais das obras são de terceira categoria e os serviços públicos continuam piorando.