Quando
amanheço pensando no que não posso modificar, faço o que mais gosto, que é
escrever, e assim deixo fluir todas as minhas experiências de vida e, em cada
uma, enveredo-me sem medos ou pudores, não esperando um vã retorno como consolo
à saudade, mas apenas como uma forma de passeio lúdico que, além de me fazer
muito bem, ainda não me deixa esquecer que vivenciei o melhor, se comparado a
tudo que já fui capaz de encontrar nos registros históricos de um passado que
me antecedeu e a um agora que ainda vivencio, constatando a cada milionésimo de
segundo que a vida é sempre bela, mas que, nem sempre, fomos capazes de
vivenciá-la com respeito.
Dizem que
coloco poesia em tudo que escrevo, todavia, o que mais posso fazer, além de
expressar-me tal qual fui capaz de conduzir-me nestes longos anos já
percorridos?
Aprendi a
enxergar a vida através de seu lado mais bonito e de vasculhar, com zelo e
determinação, todo o feio inevitável, na busca incessante do seu também lado
bonito, pela certeza absoluta de que sempre o encontraria.
Encontrar o
belo no feio, não significou jamais um passo a uma aproximação, apenas, uma
opção pessoal em não me deter no insignificante.
E nesse
bailado de luz nas trevas, venho atravessando a vida no convívio com o contraditório,
tirando dele, toda a beleza com a qual poderei me aperfeiçoar, não, é claro,
sem também lamentar todo um desperdício que inflama e faz doer, mas com a
certeza íntima de que nada poderei alterar, detendo-me, então, na beleza extraída,
elixir bendito que me faz sorrir.
Saudades da elegância
do romantismo, do respeito as tradições e dos limites que me foram repassados.
Saudades da
autenticidade do tesão pela vida, que não consigo enxergar nos olhos dos
jovens.
Saudades da
mais ingênua esperança, mola mestra da continuidade, seja lá do que for.
Saudades do
melhor que existiu e que eu, romântica incorrigível, insisto em voltar a
encontrar.
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