A cada mês,
e às vezes a cada semana, somos surpreendidos com fatos que merecem da mídia
destaque especial, alguns deles, sendo arrastados, espremidos e sugados até a
sua última gota, cansando até mesmo os mais entusiasmados admiradores das desgraças
humanas.
E o mais interessante
a se observar nestas enxurradas melodramáticas das emoções e sentimentos
humanos nada originais, é a sempre crescente legião de pessoas que se deixam
comover a ponto de sequer se lembrar que na realidade palpável de suas vidas
cotidianas, nada, absolutamente nada, possuíam em comum, sendo que a maioria
sequer ao menos ouvira falar disto, daquilo, dele ou dela, trazendo para si,
através da indução coletiva dos meios de comunicação, a sensação mais que
absurda da perda.
Penso que
também, na realidade, poucos se dão ao trabalho pessoal de pensar a respeito,
acreditando de imediato por força do poder indutivo de aquela perda ou fato, daquele
instante em diante, passa a ter a conotação de uma importância supra aos seus
instantes presentes, acima de qualquer outro, merecendo lamentações e até
lágrimas, discussões acaloradas e infelizmente, em alguns momentos, até mesmo
chegando-se às vias de fato.
Agora, pelo
menos enquanto escrevo, a bola da vez que vem se apresentando no última semana
e que mereceu atenção da mídia em geral, além da impensada e desnecessária
morte prematura do Cantor Cristiano Araújo, que se vivo estivesse, certamente
se surpreenderia com a imensidão de fãs que já angariara em sua nem tão longa
carreira, os deputados em Brasília votam a redução da maioridade penal, sob os
ruidosos protestos de uns e não menos ruidosos aplausos de outros, levando-nos
novamente a acreditar que tudo é simples assim, tirando, ao menos por algum
tempo, o peso de nossos ombros frente a um problema bem mais complexo que o imediatismo
de se alterar uma lei de proteção ao menor, que sequer foi observada por quem
deveria em seus artigos mais primários.
Afinal, o
que é isto que estamos vivendo?
ECA!!!!
Que coisa, hein!!!!!
Não se trata
de defender bandidos ou de se proteger cidadãos honestos. É bem mais, afinal,
nosso país precisaria ser surpreendido com uma parcela de reais lideranças que
fossem capazes de juntos pensar em uma forma de corrigir distorções sem que
seus interesses pessoais estivessem como foco direcionador em suas posturas.
Tipo uma
reforma da moralidade, da decência e da ética, onde fossem extirpadas esta
infindável quantidade de leis superadas pelo tempo, prolixas e sem sentido,
para dar lugar a leis possíveis de serem cumpridas, observadas e fiscalizadas com
um apoio efetivo de uma educação coerente com a realidade com a qual nos
deparamos nos cotidianos genuinamente brasileiro.
Mas penso
também que, aí, dá trabalho, então, o remédio mais rápido é acreditar que algo
vai acontecer no próximo noticiário, tirando-me por enquanto, deste assunto
polêmico que só se tornará verdadeiramente sério se tocar em mim.
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