segunda-feira, 10 de março de 2014

REFLETINDO


Hoje é segunda-feira e estamos em plena quaresma, e creio que até seja natural fazer-se mais reflexões a respeito de nós mesmos em nossas visões de convivência sistêmica que, cá para nós, está a cada dia mais fuleira.
Quanto mais nos aprimoramos, sim porque nunca em tempo algum, o mundo esteve tão habitado por DOUTORES, seja nisto ou naquilo, e,  infelizmente, mais e mais estamos nos distanciando uns dos outros, criando barreiras invisíveis, mas de resistências absurdamente fortes e cruéis.
Inventamos esta tal de internet que nos facilita tanto os nossos afazeres diários, também em todas as áreas possíveis de serem necessitadas e, no entanto, estamos a cada dia mais distantes dos caminhos que estreitam verdadeiramente os laços da afetividade, que são os meios unicamente seguros no fortalecimento da proximidade fraternal, que são justos os nossos sentidos.
Escrevendo neste instante, tento me lembrar dos cheiros de meus amigos, dos contornos de suas faces, do brilho de seus olhos e, principalmente, do calor de seus abraços que fui paulatinamente substituindo pelas letras frias do teclado ou pelas tão somente imagens, induzindo-me a acreditar que se trata de mais recursos para eu me comunicar, quando na realidade, sinto que tem tirado de mim e daqueles que me cercam, o bendito prazer de querer estar mais próximo.
Penso então que lendo estes meus pensamentos, nem todos concordarão, até porque, dirão que é ela, a internet, que os mantém unidos, falando e se vendo por todo o tempo.
E aí, será mesmo?
Não estaremos inconscientemente criando entre nós um espaço que estabelece o excesso de privacidade e eliminando as delícias e as torturas da surpresa do inesperado incômodo que o outro nos trás em determinados momentos em que estamos tão ocupados e que, afinal, nos fazem desenvolver a tolerância, a compreensão e a paciência, forças básicas que nos envolvem numa atmosfera de respeito às diferenças?
Que a internet é fantástica em nossas vidas, não se discute, apenas analiso a parte humana que sinto e observo, terem esfriado em termos afetivos nas últimas décadas, levando-me a crer que não estamos crescendo verdadeiramente com toda esta infindável gama de informações instantâneas e de acessos imediatos, ficando na realidade você lá e eu cá, ambos sozinhos em nossos colóquios afetivos de interatividade emocional.
Você não precisa concordar, apenas pense a respeito, busque nas lembranças o quanto era bom deslocar-se para tão somente jogar um papo fora, bem de pertinho com aquele seu amigo que muitas vezes lhe encheu o saco, chegando às horas mais inoportunas, demorando mais que deveria, mas que lhe fazia também um bem enorme, preenchendo aquele vazio que hoje você sente e não sabe exatamente de onde vem.
Pois é... Os pássaros estão chegando e com eles o nascer desta segunda-feira que, sinceramente, espero que seja ensolarada para aquecer pobres e ricos, todos com ou sem internet, deste mundo de meu Deus.



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