Hoje é
segunda-feira e estamos em plena quaresma, e creio que até seja natural
fazer-se mais reflexões a respeito de nós mesmos em nossas visões de
convivência sistêmica que, cá para nós, está a cada dia mais fuleira.
Quanto mais
nos aprimoramos, sim porque nunca em tempo algum, o mundo esteve tão habitado
por DOUTORES, seja nisto ou naquilo, e, infelizmente, mais e mais estamos nos
distanciando uns dos outros, criando barreiras invisíveis, mas de resistências
absurdamente fortes e cruéis.
Inventamos
esta tal de internet que nos facilita tanto os nossos afazeres diários, também
em todas as áreas possíveis de serem necessitadas e, no entanto, estamos a cada
dia mais distantes dos caminhos que estreitam verdadeiramente os laços da
afetividade, que são os meios unicamente seguros no fortalecimento da proximidade
fraternal, que são justos os nossos sentidos.
Escrevendo
neste instante, tento me lembrar dos cheiros de meus amigos, dos contornos de
suas faces, do brilho de seus olhos e, principalmente, do calor de seus abraços
que fui paulatinamente substituindo pelas letras frias do teclado ou pelas tão
somente imagens, induzindo-me a acreditar que se trata de mais recursos para eu
me comunicar, quando na realidade, sinto que tem tirado de mim e daqueles que
me cercam, o bendito prazer de querer estar mais próximo.
Penso então
que lendo estes meus pensamentos, nem todos concordarão, até porque, dirão que
é ela, a internet, que os mantém unidos, falando e se vendo por todo o tempo.
E aí, será
mesmo?
Não
estaremos inconscientemente criando entre nós um espaço que estabelece o excesso
de privacidade e eliminando as delícias e as torturas da surpresa do inesperado
incômodo que o outro nos trás em determinados momentos em que estamos tão
ocupados e que, afinal, nos fazem desenvolver a tolerância, a compreensão e a
paciência, forças básicas que nos envolvem numa atmosfera de respeito às
diferenças?
Que a
internet é fantástica em nossas vidas, não se discute, apenas analiso a parte
humana que sinto e observo, terem esfriado em termos afetivos nas últimas
décadas, levando-me a crer que não estamos crescendo verdadeiramente com toda
esta infindável gama de informações instantâneas e de acessos imediatos,
ficando na realidade você lá e eu cá, ambos sozinhos em nossos colóquios
afetivos de interatividade emocional.
Você não
precisa concordar, apenas pense a respeito, busque nas lembranças o quanto era
bom deslocar-se para tão somente jogar um papo fora, bem de pertinho com aquele
seu amigo que muitas vezes lhe encheu o saco, chegando às horas mais inoportunas,
demorando mais que deveria, mas que lhe fazia também um bem enorme, preenchendo
aquele vazio que hoje você sente e não sabe exatamente de onde vem.
Pois é... Os
pássaros estão chegando e com eles o nascer desta segunda-feira que,
sinceramente, espero que seja ensolarada para aquecer pobres e ricos, todos com
ou sem internet, deste mundo de meu Deus.
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